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Muito público no I Festival de Estátuas Vivas

Muito público no I Festival de Estátuas Vivas

Câmara de Tomar estima que durante o fim-de-semana a cidade tenha sido visitada por cem mil pessoas

Santa Iria, Luís de Camões, D. Nuno Álvares Pereira ou Fernando Pessoa ganharam vida por um fim-de-semana nas ruas da cidade templária.

“Tanta gente assim só na Festa dos Tabuleiros”. Esta foi uma das frases mais repetidas pelo público com o qual a reportagem de O MIRANTE se cruzou durante o decurso do “I Festival das Estátuas Vivas”, que encheu de cor as ruas de Tomar no fim-de-semana de 18 e 19 de Setembro. A frase é sintomática do êxito da iniciativa, com a organização a estimar que cerca de cem mil pessoas se tenham deslocado a Tomar com o propósito de assistirem à iniciativa que deu vida a Santa Iria, Luís de Camões, D. Nuno Álvares Pereira ou Gil Vicente. Os números são avançados de acordo com um levantamento estatístico feito com a ajuda da PSP. “Sem termos a noção exacta do número de pessoas que nos visitaram acho que foi um êxito e que este I Festival de Estátuas Vivas superou as expectativas”, disse a vereadora da Educação da Câmara Municipal de Tomar, Rosário Simões (PSD), em jeito de balanço.No sábado de manhã, já sem o fantasma da chuva a pairar, a organização desdobrava-se para que tudo ficasse pronto a tempo e horas. Junto ao ex-Colégio Nun’Álvares, cerca das 15h30, já eram muitas as pessoas que aguardavam pelo início da performance dos artistas, marcada para dali a meia-hora. Júlia Macedo veio com a família de Castelo Branco. “Há muito que queria conhecer Tomar e como soubemos desta iniciativa pelos jornais juntámos o útil ao agradável”, referiu ansiosa pelo que a esperava. O primeiro artista a descobrir era precisamente a encarnação de Nuno Álvares Pereira (1360-1461). De branco dos pés à cabeça, permanece estático com a capa e espada. Uma criança aproxima-se e deita uma moeda a seus pés. A estátua ganha vida e faz uma pequena vénia a agradecer. Os voluntários, de t-shirts amarelas, ajudavam os artistas a combater o calor oferecendo-lhes água que bebiam através de uma palhinha. Percorrendo o percurso em direcção ao centro histórico, pela Alameda Um de Março, encontramos Marquês de Pombal, em verdete estático, mesmo em frente ao edifício da Junta de Santa Maria dos Olivais. As pessoas amontoam-se, tiram fotografias, fazem comentários com o mais variado teor mas ninguém fica indiferente. Uns metros abaixo, a artista que encarna a figura de Santa Iria, junto à capela com o mesmo nome, tem dificuldade em exercer a sua arte tal a quantidade de moedas que caem no baú de madeira que tem junto aos pés. A cada moeda, mexe-se e entrega um papel com a lenda de Santa Iria. Mas uma das estátuas que acolheu mais espanto por parte do público é a da lavadeira que se posicionou junto ao rio e consegue permanecer impávida mesmo perante um sol abrasador a incidir-lhe na pele.“Um evento que superou todas as expectativas”O primeiro lugar do Festival foi arrecadado por “Luís Vaz de Camões” que exibiu a sua arte durante todo o fim-de-semana em frente à Janela do Capítulo, no Convento de Cristo. Foi para o monumento classificado como Património Mundial da Humanidade que, durante todo o fim-de-semana, o comboio turístico transportou os visitantes gratuitamente. Mas era na Praça da República que se encontravam mais bocas abertas de espanto. António Santos, “Staticman”, permanecia imóvel a “levitar” apenas com uma mão apoiada numa bengala. A exibição impressionou a pequena Carolina, acompanhada pela mãe Lúcia, que, na imaginação dos seus sete anos, achou que o artista estaria apoiado numa caixa invisível. “São dois dias. Isto é mais gente do que a Festa dos Tabuleiros”, refere Lúcia que mora nos arredores de Tomar e viu centenas de carros estacionados junto ao convento. À entrada da Rua Serpa Pinto ouve-se um trio de flautas. É nesta artéria, com o Castelo Templário desenhado no horizonte, que a maioria dos artistas se concentra, com “Fernando Pessoa” sentado na esplanada em frente ao emblemático Café Paraíso. O artista viria a ficar em segundo lugar, na votação do público, ultrapassando Marquês de Pombal, terceiro classificado. Uns metros à frente, junto à Igreja de São João Baptista, encontrava-se um par da Festa dos Tabuleiros, aproveitando-se para projectar a “festa maior” do concelho que se realiza já em 2011. Muitos quiseram tirar fotografias ao lado do par. Mais adiante um quiosque montado na Praça da República oferecia balões às crianças e vendia t-shirts onde se podia ler a frase jocosa: “A minha estátua é maior que a tua”.“Para um primeiro festival, e sem termos a noção do número de pessoas que nos iam visitar acho que foi um êxito. Superou todas as nossas expectativas”, referiu Rosário Simões, que alertou os comerciantes para que abastecessem os stocks e se preparassem para um fim-de-semana com muitos clientes. A vereadora acredita que muitas pessoas tenham pernoitado na cidade de sábado para domingo e reconhece que a adesão do público elevou a fasquia e que, em futuras edições, embora o figurino se mantenha, terão que apostar na variedade porque “ninguém quer voltar para ver a mesma coisa”. De acordo com a responsável, a base serão sempre as Estátuas Vivas e a ligação da cidade ao Convento de Cristo. “Queremos que esta seja uma festa que envolve toda a comunidade e contribua para o desenvolvimento da economia local”, frisou.A iniciativa terminou no domingo, pelas 19h30, com a entrega de diplomas aos 21 artistas que subiram a um palco montado em frente aos Paços do Concelho, na Praça da República. O final foi surpreendente para todo os presentes com as estátuas a dançar freneticamente em cima do palco, como se acometidas de uma explosão de adrenalina. Porque apesar de estátuas, estão vivas e bem vivas.
Muito público no I Festival de Estátuas Vivas

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