De lenço ao pescoço, vermelho paixão, António Serpa, 59 anos, residente no Sobralinho, mostra os quadros com temas tauromáquicos que vende numa rua de Vila Franca de Xira, em plena Feira de Outubro. “Há seis anos que pinto quadros embora nunca tenha tirado qualquer curso. Foi um amigo que me deu umas dicas”, conta o alentejano que se sente mais ribatejano por viver na região desde os 20 anos. Só depois da reforma é que conseguiu arranjar tempo para pintar: “Sempre gostei da pintura e quando andava na escola primária desenhava muito”. A vida levou-o depois para outros caminhos. E esses caminhos percorreu-os também a tourear em Angola e Portugal até ao ano de 2000 quando, com tristeza, se despediu das arenas. À arte juntava o emprego de construtor civil e, mais tarde, de jardineiro na Junta de Freguesia do Sobralinho. O pintor só monta a banca quando há alguma festa na região. Não vai para muito longe porque tem que carregar os quadros e porque utiliza os transportes públicos para chegar aos improvisados locais de venda. Entre os quadros em exposição - obras de arte de um 'amador' criativo - encontram-se muitos recortes de jornal, com notícias datadas dos anos 70 e 80, retratando António Serpa em fotografias a preto e branco. Evoação dos tempos dourados em que toureou ao lado de grandes nomes da tauromaquia. Eduarda Sousa