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Um homem dos sete ofícios

Um homem dos sete ofícios

José Dias Castelo faz todo o tipo de trabalhos na área da construção

Electricidade, pintura, carpintaria ou canalização são algumas das especialidades que este profissional multifacetado domina.

José Dias Castelo passou por dezenas de empregos ao longo de 35 anos de trabalho. Desde há sete anos que se fixou naquilo que realmente lhe dá gosto fazer: todo o tipo de trabalhos de manutenção em casas particulares, da bricolage à electricidade, da carpintaria à canalização, passando por obras de construção e outros desafios.O profissional dá graças a uma técnica do Centro de Emprego de Santarém que, quando se viu pela primeira vez na vida sem trabalho, o desincentivou de montar uma empresa de prestação de serviços em casas particulares por já haver empresas dessas na cidade. José Dias Castelo sentiu-se espicaçado e não hesitou em contrariar essa opinião, avançando com a Jodiscas Unipessoal, Lda. O passo valeu a pena e o empresário em nome individual diz que se sente agora como peixe na água. José Dias Castelo começou a trabalhar com 12 anos numa tipografia em Santarém, mas aos sete já acompanhava o pai, mestre-pintor, nos biscates que fazia por fora para uma empresa. Na tipografia fez limpezas antes de passar para uma máquina de corte. Uma praxe que consistia em levar num carrinho de mão latas de tinta cheias de pedras pela estrada de S. Domingos levou-o a desistir. O carrinho acabou na ribanceira. José Dias Castelo fugiu para casa e não voltou.Foi servente de pedreiro e pintor na antiga Junta Autónoma de Estradas. Aos 18 anos trocou de emprego para ir para fazer as primeiras construções de prédios na Calçada do Monte ganhar oito contos e quinhentos. Depois passou por uma casa de electricidade e por uma padaria. Foi ajudante de canalizador em Sacavém. Esteve numa fábrica de torneados em Almajões (Pernes). Numa oficina de marcenaria na Ribeira de Santarém aprendeu a fazer móveis sem recurso a maquinaria e a ganhar o gosto pela arte da madeira. Chegou a montar uma empresa de pintura mas desistiu. Trabalhou sete anos na reposição de um hipermercado de Santarém e na área de ferramentas noutra loja da cidade. Numa empresa de telecomunicações de Almeirim conheceu o país a colocar postes e a repor cabos de electricidade.Passou sete anos numa na área de manutenção de uma empresa de segurança privada. Após reestruturação interna, viu-se pela primeira vez no desemprego.“Fui tirando algum dinheiro de parte para comprar ferramentas já a pensar em constituir a minha própria empresa. Quando a doutora do centro de emprego me disse que a prestação de serviços de manutenção na casa das pessoas não tinha futuro foi quando avancei mesmo com o pouco que tinha. Hoje estou satisfeito com a opção tomada”, conta José Dias Castelo, que não gosta da rotina. A última semana de trabalho é bem exemplo disso. Esteve numa instituição de Santarém a fazer a recuperação de fechos de portas. Fez aí manutenção de torneiras e também numa pastelaria da cidade. Deu um salto até Santana do Mato, concelho de Coruche, para fazer a reparação de portas numa infra-estrutura da Portugal Telecom. De viagem à Golegã reparou um telhado e colocou tubos de chaminés em salamandras. Acabou a semana com a montagem de um sensor de iluminação numa casa em Santarém. Os bons serviços de José Dias Castelo têm-no levado a trabalhar um pouco pela região, de Torres Novas ao Entroncamento, passando por Cartaxo, Almeirim e Alpiarça, sem esquecer Santarém, de onde é natural e onde reside.Já viveu muitos episódios no trabalho. Quando montou uma empresa de construção com um primo e foi para o Algarve o contratante desapareceu ao fim do segundo mês. Pagou aos funcionários contratados e ficou sem nada para regressar. Valeram-lhe a irmã e um amigo.Sustos fazem parte do seu trabalho e já apanhou alguns com electricidade, além de outros azares. “Na fábrica de Pernes cortei um dedo e fui buscar o resto dele ao pé da máquina. Uma colega minha que estava ao lado caiu de imediato no chão”, recorda agora com um sorriso.José Dias Castelo já foi convidado por particulares de Cascais e Sintra para trabalhar. Confessa que é lá que circula mais dinheiro e onde já trabalhou, mas pensa em estabilizar e só pensar no assunto se a proposta for irrecusável. “Quero fazer o meu trabalho, que me dá gosto, e ver crescer a minha filha de quatro anos”, garante.
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