“Só aceitamos duas coisas: ou a afirmação frontal e legítima de querer terminar a coligação ou o trabalho sério e a discussão das ideias divergentes. Precisaram do Partido Socialista, cá estamos a trabalhar com empenho e seriedade. Não aceitamos nada de diferente deste novo PSD”. Esta foi a resposta da concelhia do Partido Socialista de Tomar na sequência da conferência de imprensa promovida pelo PSD de Tomar onde o presidente da comissão política, José Delgado, admitiu ter “aconselhado” o presidente da Câmara de Tomar, Corvêlo de Sousa (PSD), a “corrigir uma situação” e a retirar os pelouros do Turismo e da Cultura ao vereador socialista, Luís Ferreira. O despacho de Corvêlo de Sousa foi afixado nos Paços do Concelho na quarta-feira, 27 de Outubro, ficando Luís Ferreira a deter apenas os pelouros dos Bombeiros e Protecção Civil e do Centro de Informação e Apoio ao Consumidor (CIAC), mantendo-se em regime de tempo inteiro. A decisão do presidente da câmara, que passa a tutelar também as áreas da Cultura e Turismo, surgiu um mês depois da Assembleia Municipal de Tomar ter aprovado uma moção de censura ao vereador Luís Ferreira, por proposta da bancada do Bloco de Esquerda. Para os socialistas, o PSD local acusa uma “falta de seriedade”, promovendo uma “estranha forma de entender a política como lavagem de roupa suja na praça pública”, lamentando que “até hoje o PS continua à espera da primeira reunião com a direcção do PSD”. Questionado na conferência de imprensa sobre quais os motivos porque as duas concelhias nunca reuniram até ao momento, José Delgado, que lidera o órgão desde 28 de Fevereiro, disse a O MIRANTE que apesar disso, os líderes de ambas já falaram por diversas vezes. Com um conjunto de iniciativas relacionadas com o Turismo e a Cultura em curso, José Delgado indicou que estes pelouros passam a estar sob a tutela do presidente da câmara pelo que terá que ser o mesmo a tomar as decisões nesse âmbito.“Contra-natura e escandaloso”A retirada dos pelouros do Turismo e da Cultura ao vereador socialista Luís Ferreira suscitou um conjunto de reacções. Para o vereador Pedro Marques, dos “Independentes por Tomar”, o PSD e o PS não acautelaram as consequências das decisões tomadas sendo, por isso, evidente uma falta de estabilidade que já se nota desde há alguns meses. O autarca voltou a frisar o que disse quando a coligação foi formada, reafirmando que a coligação não faz mais do que servir os interesses pessoais de algumas pessoas. “Desde o início que afirmámos que esta coligação é contra-natura. Quem perde com tudo isto é a população de Tomar, o concelho e os tomarenses”, considera. Já a CDU refere, num comunicado enviado às redacções, ser “escandaloso” que o presidente da câmara mantenha um vereador a tempo inteiro apenas com um pelouro, questionando ainda “qual será o interesse por parte do Partido Socialista em manter a coligação PSD/PS, ao assistir à perda de dois pelouros por parte de um dos seus vereadores?”. A CDU questiona ainda o PSD se neste momento haverá condições para “uma gestão equilibrada do concelho de Tomar”, uma vez que foi retirada confiança a um vereador do PS, que iniciou a coligação que governa o município.