O Clube Amadores de Pesca de Vila Franca de Xira (CAP), clube com quase meio século de existência, precisa de mais jovens a praticar a modalidade. Este é o principal desabafo dos dirigentes de um dos clubes desportivos mais importantes da cidade e reconhecido por todo o país, fundado em Julho de 1963.Dedicado exclusivamente à pesca de rio e albufeira, o CAP de Vila Franca de Xira está hoje inserido nos campeonatos regionais e nacionais federativos e associativos, tendo acabado a época de 2010 como vice-campeão da primeira divisão regional da Associação Regional do Centro de Pesca Desportiva (ARCPD). Além desse resultado o CAP de Vila Franca produziu também dois atletas com bons resultados nacionais, um vice-campeão regional e outro no Top 10.“Dentro da parte das camadas jovens neste momento o clube está a atravessar uma fase um bocado dificil, a juventude hoje não vê a pesca como antigamente, dado a grande oferta que hoje existe, desde os computadores aos jogos de vídeo. Hoje em dia já não temos tantos jovens como tínhamos. Chegámos a ter 20/30 miúdos à pesca, hoje temos dois e só aparecem de vez em quando, precisamos de mais juventude”, lamenta José Matos, presidente da direcção do clube a O MIRANTE.O CAP está bem de saúde financeira, graças aos 190 sócios que tem, mas enfrenta o mesmo problema de tantas outras colectividades do concelho: falta de gente para dirigir. “Os nossos objectivos são manter o clube vivo. Vamos fazendo planos dia-a-dia, esperamos manter o clube funcional e aberto durante mais algum tempo. A vida associativa neste momento está muito complicada, há muito pouca gente para dirigir, está muito dificil, vamos vivendo da carolice de alguns membros”, refere José Matos.Actualmente o CAP faz da Lezíria de Vila Franca o seu local de treino. “Gostamos muito das valas e pistas de pesca da Lezíria, como somos de Vila Franca aquele é o nosso património, temos de o dignificar”, acrescenta.Olhando as taças está Vitor Felix, um dos fundadores do clube. Tem hoje 71 anos e ainda se lembra das dificuldades que lhe foram levantadas para criar um clube no tempo da ditadura. “Eu sou pescador desde novo, fui seccionista do União Desportiva Vilafranquense. Nós fazíamos concursos de pesca durante dois ou três anos, durante os quais organizávamos algum dinheiro para custear as nossas épocas. Certo dia precisámos desse dinheiro para custear a nossa prova e vimos que ele tinha ido para o futebol. A partir daí arranjei mais cinco elementos e andámos em frente, criámos o CAP”, recorda.Em Julho de 1963 a PIDE não estava receptiva à criação de um clube. Investigou todos os nomes dos fundadores e levantou problemas burocráticos para não deixar o CAP nascer. “A dada altura começámos a ver que não íamos conseguir sozinhos, por isso decidimos ir ter com o Padre aqui da paróquia para nos ajudar a aliviar um pouco a perseguição policial. Ele foi a Lisboa e resolveu o problema. Um mês depois tinhamos o clube aprovado. A partir daí foi sempre a crescer”, conta com um sorriso.O clube esteve na rua Vasco Moniz e mais tarde no cais de Vila Franca, do outro lado da linha de comboio. Por fim acabaram por inaugurar a sede onde ainda hoje se encontram, na zona nobre da cidade, em frente ao monumento ao campino, próximo do largo do município.“A pesca é um desporto muito salutar. Para ser pescador o que é preciso é gostar da natureza e da pesca. E ter paciência, isso é o principal”, defende.Actualmente o chão de madeira da sede está inclinado com o peso de dezenas de taças e troféus, obtidos ao longo das décadas. “Até temos uma de ouro puro que pesa imenso”, garantem os dirigentes.