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Actores manifestam-se contra corte nos apoios ao teatro durante os Prémios Santareno

Actores manifestam-se contra corte nos apoios ao teatro durante os Prémios Santareno

Gala premiou, entre outros actores e companhias, as carreiras dos consagrados Rui Mendes e Anna Paula.
Os actores Rui Mendes e Anna Paula receberam os aplausos mais fortes da noite de domingo, 21 de Novembro, ao receberem os Prémios de Carreira durante da 5.ª Gala dos Prémios Santareno de Teatro, em Santarém. Durante a parada de estrelas do teatro e televisão que marcaram presença no Teatro Sá da Bandeira, muitos puseram a tónica nos cortes orçamentais do Ministério da Cultura para 2011, em particular no apoio ao teatro, que sofre um corte de 23 por cento. Rui Mendes foi uma das vozes críticas. Aproveitou a subida ao palco para lamentar que os apoios sejam cada vez menos. “Desde Almeida Garrett quase nenhum político português se interessou pelo teatro”, comentou ironicamente. Sobre o prémio, Rui Mendes agradeceu à Câmara de Santarém e ao Instituto Bernardo Santareno (IBS), que atribuem os prémios, a promoção do teatro e da língua portuguesa. Deixou ainda palavras sobre o seu amigo Bernardo Santareno, nome artístico de António Martinho do Rosário. “Viveu de forma enérgica as suas angústias e alegrias. Viveu no pior período de Portugal para tentar escrever e ver peças representadas, entre 1920 e 1980. As suas obras tinham uma extraordinária linguagem, foi para mim o melhor dramaturgo português do século XX”, afirmou. O presidente do IBS, Vicente Batalha, tomou a palavra apenas para lembrar a “arte, talento e engenho” de Rui Mendes, que fazem com que o prémio lhe assente como uma luva.O director e encenador da Companhia de Teatro da Cornucópia, Luís Miguel Cintra, distinguido com o Prémio Espectáculo com a peça “A Cidade”, foi pelo mesmo caminho. “Envolvemos na peça 91 pessoas, o que não se suporta apenas da bilheteira, depende do apoio do Estado. O subsídio do Estado apoia a actividade teatral para usufruto do público e não para usufruto da profissão. As companhias que mais recebem são prejudicadas porque são as que o Estado entende que proporcionam melhores espectáculos ao público”, comentou, antes de agradecer o prémio. Uma opinião partilhada por Nuno Lopes, que ganhou o Prémio de Interpretação na mesma peça.Durante a gala, apresentada pelos actores Cláudia Semedo e Afonso Pimentel, subiram ainda ao palco para receberem prémios Sara Prata e Graciano Dias, ambos na categoria de Revelação. A actriz lembrou a importância do encenador Carlos Avillez na sua carreira teatral, que considerou “decisiva” pela oportunidade de fazer vida daquele trabalho. Graciano Dias sublinhou a “alegria e responsabilidade” por receber o prémio e tirou do bolso do casaco uma máquina fotográfica para registar o momento para a posteridade, arrancando gargalhadas do público.Saudar a memória de SantarenoPor entre a música da banda residente da Gala, a Orquestra Santos Rosa, prosseguiu o desfile de protagonistas. Anna Paula agradeceu o Prémio Carreira, reconhecendo que o que fez foi pouco e depressa e sugerindo que se lembrem de si novamente daqui a 100 anos. Custódia Gallego levou para casa o Prémio de Interpretação. O FITEI – Festival Internacional de Expressão Ibérica, dirigido por Mário Moutinho, recebeu um dos prémios Especial da noite, ao cabo de 34 anos de actividade. Lembrou que o teatro é “um direito inalienável dos cidadãos”. O prémio Especial foi ainda para o Panos – Palcos Novos Palavras Novas, projecto da Culturgest, e para Vicente Batalha, director e encenador do Grupo Cénico da Música Nova de Pernes, pela encenação de “A Promessa”. Em seu nome e em nome do Grupo, Salomé Vieira subiu ao palco acompanhada de outros actores para sublinhar o esforço e dedicação de todos ao projecto de teatro amador dirigido por Vicente Batalha. Perante uma plateia lotada estreou-se em palco o Coro dos Pequenos Cantores de S. Francisco. Houve interpretação de canto pela soprano Ana Paula Russo, acompanhada pelo pianista Nuno Lopes, a par de danças coreografadas pelos Funky Flex Crew e Fresh Flava. Cristina Branco fechou a noite em festa.O presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores, foi o último a subir ao palco para “saudar o teatro e a memória de Bernardo Santareno, festejando o teatro e a liberdade”.
Actores manifestam-se contra corte nos apoios ao teatro durante os Prémios Santareno

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