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Câmara de Santarém corta 10 por cento nos apoios às associações

Lê-se e não se acredita! A mesma Câmara que esbanja 20.000 euros em bilhetes para touradas justifica, agora, a redução nos subsídios de apoio às actividades dos Ranchos Folclóricos com os cortes nas transferências financeiras para as autarquias, promovidos pelo Governo.Às vezes, dou por mim a pensar sobre a propensão de alguns autarcas desta terra pensarem que todos os munícipes são destituídos de discernimento e sanidade mental. É que não é bonito tratarem-nos como jumentos.Nada me move contra as touradas e não tenho qualquer censura a dirigir aos aficionados, embora não lhes gabe o gosto. Não está em causa a preservação dos valores culturais, cá do burgo, nem sequer me interessa muito meditar sobre a sede de protagonismo que o presidente da Câmara de Santarém revela, na iniciativa daquele abaixo-assinado para defesa do espectáculo taurino. Provavelmente, está-lhe no sangue, como tem sido visível noutras “lutas” a que o senhor se decide entregar.Já no que diz respeito ao esbanjamento de dinheiros públicos para, à custa disso, angariar 15.000 assinaturas, na defesa da sua menina dos olhos – a tão civilizada Tourada – a coisa muda de figura: é bom que o presidente da Câmara de Santarém perceba – ou alguém lhe explique – que não é dono dos dinheiros da autarquia e que qualquer propósito de gastos que envolva acções como aquela da oferta dos bilhetes para as touradas, o torna refém de outros apoios que a Câmara deve proporcionar – sem atrasos de 15 meses – a outras formas de expressão cultural que, cada vez mais, tendem para o desaparecimento e que o concelho bem precisa. Os Ranchos Folclóricos são, naturalmente, um bom exemplo dessas manifestações culturais.Eu sei que o presidente da edilidade se sente mais confortável com as letras do que com os números. Ainda assim, com a ajuda de uma máquina de calcular – daquelas que fazem as quatro operações básicas – depressa concluiria que se em vez de 20.000 euros para as touradas gastasse metade, a outra metade seria suficiente para apoiar o folclore concelhio e dessa forma, patrocinar uma forma de expressão cultural muito mais antiga do que a tourada, muito mais consensual e, principalmente, muito mais harmoniosa e alegre, já para não falar de toda a controvérsia que, decididamente, está subjacente aos espectáculos taurinos e que fomenta a divisão da comunidade.Vem a propósito lembrar que, nesta tourada da oferta de bilhetes e neste folclore do corte dos apoios, não há inocentes no seio do executivo camarário – poder e oposição. Eu sei que é utópico, mas anseio, um dia, conhecer um político que valha muito mais do que os jogos de interesses partidários, eximindo-se a contorcionismos para manifestar as suas convicções. Houvesse disso em Santarém e o senhor Moita Flores ficaria a falar sozinho naquele investimento de 20.000 euros para enriquecimento de um abaixo-assinado que lhe massaja o ego.Francisco Gonçalves

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