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A técnica de conservação e restauro que preferiu dedicar-se aos livros

A técnica de conservação e restauro que preferiu dedicar-se aos livros

Dora César é coordenadora de serviço na Biblioteca Municipal da Chamusca

Diz que descobriu aquilo que realmente gosta de fazer “tardiamente”, mas sente-se realizada com a sua profissão.

Dora César licenciou-se em Conservação e Restauro embora nunca tenha perdido o ‘bichinho’ dos livros. Talvez devido a essa paixão tenha decidido fazer uma pós-graduação em Ciências Documentais. Depois de trabalhar como técnica de conservação e restauro numa empresa em Tomar, onde vive há vários anos, Dora César, 35 anos, integrou a equipa do gabinete de candidatura de Santarém a património mundial. Quando esse projecto se extinguiu, a actual coordenadora de serviço da Biblioteca Municipal da Chamusca ficou a trabalhar como auxiliar técnica de museografia na Biblioteca Municipal de Santarém. Cargo que ocupou durante cerca de oito anos.Apesar de gostar do trabalho que desenvolvia na Biblioteca de Santarém, Dora César achava desgastante o caminho que tinha que percorrer diariamente entre Tomar e Santarém. “Era muito cansativo”, diz. Por isso, quando surgiu a abertura de concurso para o cargo que ocupa actualmente na Biblioteca da Chamusca não pensou duas vezes e candidatou-se. É coordenadora de serviço há cerca de três anos. A bibliotecária diz que percebeu “mais tarde” que a licenciatura em conservação e restauro não lhe enchia as medidas. “É uma área onde não existe muita oferta de trabalho e teria que abdicar um pouco da vida pessoal porque é uma profissão em que muitas vezes temos que andar com a casa às costas”, reflecte.Os dias de Dora César começam cedo e nunca são iguais. A coordenadora de serviço da Biblioteca Municipal da Chamusca tem a responsabilidade de gerir os recursos humanos, seleccionar livros para colocar nas diversas estantes que ocupam grande parte do primeiro andar do edifício. Fazer a gestão do fundo documental, aquisição, catalogação e indexação de obras literárias são outras das funções da coordenadora.Dora César diz que descobriu aquilo que realmente gosta de fazer “tardiamente”, mas sente-se realizada com a sua profissão. Em criança estava sempre ‘metida’ na Biblioteca Municipal da Amadora onde viveu parte da infância e adolescência. Todas as semanas levava livros para casa e também trocava com os amigos. Descobriu a leitura através da Banda Desenhada (BD) da Walt Disney e mais tarde perdeu-se nas histórias da colecção Uma Aventura. “Ao contrário do que muitos críticos dizem, que a BD não é a leitura ideal para dar às crianças, eu considero que é uma escrita que pode cativar muitas crianças para a leitura uma vez que os desenhos e as histórias são fascinantes e isso é o mais importante. O fundamental é adquirir o gosto pela leitura e embrenharmo-nos no enredo. Depois, à medida que vamos crescendo, vamos ‘entrando’ em leituras mais complexas”, reflecte a coordenadora durante a conversa com O MIRANTE que decorreu no espaço de leitura da biblioteca.José Saramago e valter hugo mãe estão entre os seus autores literários preferidos. Dora César lamenta não ter tanto tempo quanto gostaria para se dedicar às leituras. Em Maio do ano passado a Biblioteca Municipal da Chamusca mudou de instalações para um espaço maior. De um pré-fabricado, “sem condições” passaram para um edifício de dois andares. O resultado não podia ser melhor. “O outro espaço era exíguo, não tinha capacidade para aguentar mais livros. Notamos que a população que se tinha afastado da biblioteca voltou e não podíamos estar mais satisfeitos”, afirma.A Biblioteca da Chamusca conta actualmente com um total de cerca de 14 mil livros inseridos. A escolha dos títulos das obras é feita consoante a carência e pedidos dos leitores. Romances históricos são os mais procurados. As mulheres continuam a ser quem mais lê livros. O público masculino prefere consultar jornais e revistas e navegar na internet. A biblioteca dispõe de 18 computadores, todos com acesso gratuito à internet. Quem aderir ao cartão de utilizador pode levar para casa, também gratuitamente, livros e cópias em CD e DVD. “Aos poucos começamos a entrar no dia-a-dia das pessoas. Queremos que a população venha à biblioteca com assiduidade, que faça parte da sua rotina”, diz a coordenadora.Dora César conta a O MIRANTE que muitos jovens, sobretudo entre os 10 e os 15 anos, frequentam a biblioteca, mas o mais difícil é convencê-los a trocarem a internet pela leitura. “Estabelecemos um acordo com eles em que depois de uma hora no computador têm que fazer uma pausa de meia hora, onde lêem livros. A pausa para a leitura devia ser maior, mas é muito complicado tirá-los da internet. Querem todos ao mesmo tempo”, explica.
A técnica de conservação e restauro que preferiu dedicar-se aos livros

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