“Dão-nos licença que cantemos os reis?”. Nem a chuva que teimava em cair, fazendo crepitar o lume da enorme fogueira que se encontrava defronte dos Paços do Concelho, demoveu dezenas de populares da missão de se juntarem para cantar os reis na noite de sábado, 8 de Janeiro, num palco montado na Praça da República, em Tomar. Vieram de vários pontos do concelho mas houve um que se destacou por um pormenor de indumentária, neste caso, uma boina negra: o grupo do Centro de Reunião e Convívio do Povo da zona dos Brasões, povoação da freguesia de Carregueiros. Na fase final da sua interpretação, o grupo que é composto por cerca de 15 elementos de todas as idades, faz uma coreografia e tira a boina, simulando a recolha do donativo, explica Fernanda Plácido a O MIRANTE, que duas horas antes já se encontrava na tasquinha desta associação a vender doces caseiros. O grupo mantém os mesmos elementos desde há alguns anos, percorrendo a aldeia a cantar os reis, de porta em porta, sempre nos primeiros cinco dias do ano. A “mascote” chama-se Lara Sofia e tem cinco anos. Sabe a letra de cor e maneja uma garrafa de plástico verde com feijões no interior, que serve de maraca. Já Paulo Silva, porta-voz do grupo, para além de cantar também toca concertina. “Antes de a associação existir, já havia um grupo que cantava os reis de porta em porta, tal como nós fazemos, mas os lucros serviam para se fazer uma petiscada. É que antigamente as pessoas não davam só dinheiro. Davam um chouriço, um presunto, uma farinheira ou uma garrafa de vinho”, explicou aos presentes, acrescentando que, actualmente, prevalece a dádiva monetária, revertendo todos os lucros para a associação. Organizado pela Divisão de Cultura da autarquia, o Encontro de “Reseiros” de Tomar já é uma tradição na cidade templária, animando essa zona emblemática. Participaram este ano 11 grupos, estando os comes e bebes garantidos por oito tasquinhas de diversas associações montadas no local. Elsa Ribeiro Gonçalves