A professora universitária e sócia do Observatório de Economia e Gestão de Fraude considera “lastimável” que a presidente da concelhia de Alpiarça do PS, Teresa Freitas, tenha num artigo de opinião plagiado uma mensagem do Cardeal Patriarca de Lisboa. Aurora Teixeira, numa crónica na revista Visão, refere que “sendo o plágio definido, de forma muito sintética, como 'roubo de palavras', este lastimável caso evidencia mais uma vez o nosso triste 'fado': crise económica, crise financeira, crise ética, crise moral, ... e crise de palavras!”.Aurora Teixeira, professora auxiliar da Faculdade de Economia do Porto, termina a crónica da secção “Gestão de Fraude” da revista com uma citação de Charles Chaplin: “Eu continuo a ser uma coisa só, apenas uma coisa - um palhaço, o que me coloca em nível bem mais alto que o de qualquer político”. Em declarações a O MIRANTE a docente universitária diz que falou neste caso que envolve Teresa Freitas, que é também secretária da governadora civil de Santarém, Sónia Sanfona, “mais para sensibilizar as pessoas” para estas questões. No entender da sócia do Observatório de Economia e Gestão de Fraude, “há coisas que se passam e que deveriam provocar alarido, o que não acontece”. Porque, explica, “as pessoas acham sempre que não é assim tão grave porque, como se costuma dizer, não morreu ninguém”. E como a moral é coisa que já era, Aurora Teixeira entende que “cabe-nos também alertar para estas situações”, realçando que era necessário que as instituições “fossem mais actuantes” em situações destas e é por isso que “não devemos baixar os braços”. Recorde-se que O MIRANTE noticiou o caso em Novembro, quando a presidente da concelhia de Alpiarça publicou um texto de opinião no blogue “Jornal Alpiarcense” sobre o futuro de Portugal, com frases plagiadas de uma mensagem do cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, que está disponível na Internet. O título do artigo assinado por Teresa Freitas, “Portugal, Pensar o futuro”, é desde logo uma cópia de uma das frases do patriarca. A dirigente socialista, que fez questão de se identificar como licenciada em Ciências Políticas, começa o primeiro parágrafo a plagiar ao escrever: “Pensar o futuro é uma exigência de todas as pessoas que querem estar com profundidade na construção da história do momento presente”. O texto tem mais frases copiadas da comunicação de D. José Policarpo, apresentada no Encontro 'Portugal. Pensar o Futuro', que decorreu em 2 de Abril de 2004 no Salão Nobre do Mosteiro de S. Vicente de Fora. Na altura O MIRANTE contactou Teresa Freitas que não quis fazer qualquer declaração.