A população de Manique do Intendente, no concelho de Azambuja, está cansada de reclamar por uma rede de esgotos e pelo funcionamento da ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais), que deveria servir também a freguesia de Vila Nova de São Pedro. Já está online uma petição pública (http://peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2010N4196) que apela à Câmara Municipal de Azambuja que “acabe a construção da ETAR de Manique do Intendente em vez de gastar 600 mil euros na remodelação da praça de toiros em Azambuja”. A pouco mais de 500 metros do centro de Manique do Intendente está uma vala para onde correm a céu aberto os esgotos provenientes de linhas de água para onde são encaminhados os esgotos domésticos da freguesia. O cheiro é nauseabundo e as águas paradas são um chamariz para todo o tipo de insectos e roedores. No Verão os moradores não conseguem aproximar-se do local. Numa árvore, mesmo ao lado da vala que passa a 50 metros de uma escola, encontra-se uma placa com a inscrição “área de protecção”. A vala passa em redor de uma zona conhecida como Paúl, onde se avistam garças a sobrevoar um lago. “Um dia vamos chegar ao Paúl e já não vamos encontrar garças, cegonhas, gaivotas ou cágados. Há aqui um património natural importantíssimo, que até podia ser aproveitado para o turismo de natureza que se vai perder”, alerta Aires Carvalho. De acordo com o vereador da Câmara Municipal de Azambuja, Silvino Lúcio, responsável pelas águas e saneamento do município, algumas zonas de Manique do Intendente têm uma rede de esgotos antiga. “Os esgotos de Manique entraram agora em início de obra, estivemos a fazer uma filmagem para ver o estado do saneamento que já está implementado e queremos concluir o que falta”, garantiu. “Já que a Câmara Municipal de Azambuja continua a ligar esgotos a um ramal sem saída era bom que lhe desse tratamento pois todos esses detritos se acumulam junto a uma escola pública”, escreve José Correia, um dos signatários da petição. Manique do Intendente também não tem uma ETAR. Há já alguns anos foi construída uma estrutura que iria servira a população de Manique do Intendente e Vila Nova de S. Pedro mas nunca chegou a ser concluída. “Em 2002 a população de Vila Nova de S. Pedro revoltou-se porque não queria a ETAR a funcionar nos seus terrenos por causa dos cheiros. A obra acabou por não ser concluída”, explica Silvino Lúcio, acrescentando que a recuperação da ETAR, concessionada à empresa Águas do Oeste, estará para breve. O portão que dá acesso à ETAR está aberto e encontram-se no chão vários detritos de animais que costumam estar lá a pastar. “Há uns anos morreu aqui afogado um animal. Pergunto-me o que poderá acontecer se vierem para aqui crianças brincarem”, pergunta João Nunes, acrescentando que “a imobilização da autarquia na resolução do problema só demonstra falta de vontade política”. “Quando se vai gastar 600 mil euros na reconstrução de uma praça de toiros é admissível existir uma população que ainda não tem saneamento básico”, acrescenta Aires Carvalho. Se a situação não se resolver, os moradores pretendem levar uma petição à Assembleia da República e ao Ministério do Ambiente.