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Carlos Segundo Nestal

Carlos Segundo Nestal

37 anos, advogado, Santarém

Carlos Segundo Nestal, 37 anos, é advogado, deputado municipal em Santarém e pai de um menino de quatro anos. Trata sozinho do filho desde os oito meses de idade, altura em que a mãe do pequeno Miguel faleceu. Teve que aprender a reorganizar o tempo. Entretanto já voltou aos passeios de bicicleta, às leituras e readquiriu a capacidade de sonhar. Nasceu em Mirandela, mas foi Santarém que o adoptou em 2000. É na cidade que quer ver o filho crescer.

Fiquei sozinho com o meu filho quando ele tinha oito meses. A mãe do Miguel faleceu. Foi uma coisa repentina. Durante muito tempo fui pai e mãe. Criaram-se laços para o resto da nossa vida. Tenho uma relação com o meu filho que poucos pais terão. Tirando esse lado trágico, a experiência foi enriquecedora como homem e como pai. Passeei com o Miguel, ensinei-o a andar, ouvi a primeira palavra. Cada ano que atrasamos a vinda de um filho é menos um ano que passamos com eles.Aprendi a gerir melhor o meu tempo. Em situações limite conseguimos encontrar a disponibilidade que julgávamos que não tínhamos. Encontrei tempo para fazer aquilo de que gosto - que é estar com o meu filho - mas também para a profissão. Dou prioridade ao trabalho no escritório. Esforço-me por não levar trabalho para casa. Entretanto readquiri a capacidade de sonhar. Já não estamos os dois sozinhos. Tenho uma companheira. Vamo-nos revezando para ir pôr e buscar o Miguel ao infantário como qualquer casal. Também tenho o sonho de voltar a ser pai.Costumo dizer que fui o grande vencedor das últimas autárquicas. Conheci-a durante a campanha eleitoral. Estamos juntos desde Abril. Vamos casar este ano. Acredito na instituição casamento. Quando embarcamos numa relação que se pretende duradoura temos que acreditar que é até ao resto dos nossos dias. Já voltei a andar de bicicleta. Quando fiquei sozinho com o meu filho tive que deixar um pouco de lado essa actividade. Durante esses três anos li também muito menos do que leio agora e do que lia antes por falta de tempo. Já consegui voltar às leituras. Estou a reler “O Processo” de Franz Kafka. Já tinha lido “A Metamorfose”. Fascina-me a complexidade e a actualidade que o autor imprime à sua ficção. Fazemos praia em Portugal. No estrangeiro visitamos as capitais europeias. A última viagem que fizemos os três juntos foi a Londres. O Miguel acompanhou-nos a pé num longo percurso sem se queixar, o que é extraordinário para uma criança de quatro anos. Em casa as tarefas são partilhadas. A única coisa que não gosto de fazer é passar a ferro. Cozinho esporadicamente. Confesso que actualmente não sou eu que cozinho na maior parte das vezes. Gosto de fazer alheiras à maneira da minha terra: Mirandela. Os ribatejanos não fazem assim tão bem… Também faço cozido à portuguesa e feijoada.Sempre gostei de Direito. Contactei com advogados desde cedo. Não fui influenciado pelas séries norte-americanas. O nosso Direito é completamente diferente. Felizmente. Sou muito crítico desse sistema porque tem muitos erros. Desde logo têm a pena de morte. Também sou contra a prisão perpétua e contra o sistema de jurados. Santarém foi a terra que me adoptou. É aqui que vivo. É aqui que pago impostos. É aqui que quero continuar a viver. É aqui que quero ver o meu filho tornar-se homem. Nasci em Mirandela há 37 anos. Cheguei a Santarém em 2000 para casar e por cá fiquei. O Ribatejo é muito diferente de Trás-os-Montes. Estava habituado a ver colinas. São paisagens diferentes, mas ambas bonitas.Tenho o bichinho da política. O meu pai foi presidente de junta. Acompanhei parte da sua actividade. Aos 18 anos fiz-me militante do PS. Ainda tentei desligar-me da política ao chegar a Santarém, mas não consegui. Nunca tive ambição de exercer um cargo público. É sobretudo por gosto. A minha madeixa de cabelo branco é natural. Se seria capaz de pintar o cabelo? Se não o fiz até hoje provavelmente já não o farei…. Mas nunca pensei nisso. No Verão recuso-me a usar gravata. Já fui mais adepto desse acessório. Prefiro um estilo casual com formalidade. Tudo depende das circunstâncias. Ligo quanto baste ao aspecto exterior. É aquilo que chama logo a atenção, mas não é o mais importante. Ana Santiago
Carlos Segundo Nestal

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