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“O teatro é o prazer de ver e de fazer”

“O teatro é o prazer de ver e de fazer”

Dora Conde dirige o Grupo de Teatro Apollo, ligado ao Centro Cultural e Recreativo de Pêras Ruivas

Colectivo nasceu há 15 anos e reúne numa pequena aldeia actores amadores de vários pontos do concelho de Ourém.

"Um actor não existe como personagem senão quando cada pestanejar, cada movimento do dedo que faz, são ritmos do texto, e o texto o ritmo do corpo". É assim que se apresenta o Grupo de Teatro Apollo, ligado ao Centro Cultural e Recreativo de Pêras Ruivas, freguesia de Seiça, Ourém. Nasceu há 15 anos pela mão de Dora Conde, encenadora e entusiasta do teatro, que tem mantido ao longo dos anos o dinamismo e a actividade deste grupo de teatro amador. Em Novembro estrearam a comédia “O Gato”, peça que levaram ao palco do Cine-Teatro de Ourém sexta-feira, 21 de Janeiro. É dos grupos de teatro mais activos do concelho de Ourém. A sua criação foi “um pouco aleatória, como todos os grupos de teatro”, quando pediram a Dora Conde que encontrasse um texto para ser encenado. “Quando vi, já estava a dirigi-los”. Já nem se recorda muito bem de onde surgiu o nome “Apollo”. Alguém sugeriu e o título ficou. “É o deus grego das artes, terá sido por isso”, explica. A primeira peça que o grupo executou foi uma comédia ligeira, “Amor de Perdigão”, baseada no livro de Camilo Castelo Branco. “Foi uma actuação para a aldeia” de Pêras Ruivas, recorda. Hoje, a equipa cresceu e apenas dois ou três elementos são naturais daquela localidade. A maioria dos 20 membros do grupo vem um pouco de todo o concelho de Ourém, manifestando a vontade de subir ao palco. Para entrar “é preciso dizer que se quer e se gosta e aceitar o nosso método de trabalho. Naturalmente as pessoas que chegam ao grupo querem sobretudo fazer teatro, mas há muitas outras áreas em que podem intervir a nível da montagem do espectáculo, dos figurinos. Mas normalmente as pessoas querem mesmo é subir ao palco”.As peças vão sendo procuradas à medida das possibilidades do grupo e, por norma, cada personagem tem dois actores a treinar o papel. “Até por uma questão de rentabilidade de recursos”. Os textos têm que ser aceites por toda equipa, decisões que têm sido tomadas em grande harmonia, o que é visto como um factor positivo por Dora Conde. O Castelo de Ourém como cenário“Ao longo dos anos as coisas foram mudando”. Actualmente, entre Março e Junho, o Grupo de Teatro Apollo tem actuações regulares no Castelo de Ourém. Para apresentarem o seu trabalho foi-lhes cedido o Torreão Sul, a partir do qual o espectáculo é executado, com o público a segui-los pelo espaço. Durante a Primavera, aos sábados, de 15 em 15 dias, os interessados assistem a uma peça de teatro ao ar livre, com direito a ginjinha e a uma paragem na Ucharia do Conde. “O nosso último espectáculo no Castelo de Ourém foi a peça «O que farei com este livro», de José Saramago”, trabalho que pensam levar novamente a cena este ano. Uma peça mais pesada que os trabalhos normalmente executados pelo grupo, mas que foi cativando o público. O grupo participa ainda no Cenourém – Festival de Teatro Amador do Concelho de Ourém e este ano realiza já em Março, de 11 a 13, a sua Meia Maratona de Teatro. O programa começa dia 11, no Museu Municipal de Ourém, com uma sessão sobre livros dirigida por Sérgio Ribeiro. Nos dois dias seguintes, entre as 15h00 e a meia-noite, em Pêras Ruivas, grupos de teatro sucedem-se na apresentação das suas peças. “O bilhete para os espectáculos tem sempre refeição incluída e comemos todos em conjunto, público e artistas”. À aldeia da freguesia de Seiça acorrem vários grupos de teatro do concelho, Leiria e de Cem Soldos, Tomar, organizando-se parcerias entre as equipas. “Por vezes há ideias pontuais”, comenta Dora Conde, lembrando a actividade do ano passado do Dia Mundial do Teatro, 27 de Março. Pegando nos heterónimos de Fernando Pessoa, o grupo percorreu as ruas de Ourém em representação. “A instalação correu muito bem”, com as pessoas a pararem e a observarem o que se estava a desenrolar. Este é um grupo que reúne sobretudo jovens, mas que conta com pessoas de todas as idades. Os apoios vão chegando por meio do Centro Cultural e Recreativo de Pêras Ruivas e dos custos de bilheteira (entre os dois e os cinco euros), mas as despesas da produção vão sendo suportadas pelo elenco, explica.No futuro, os projectos passam por “tentar manter o que temos vindo a construir, o que já é muito bom. Temos que ir de mansinho, nunca fechar os olhos ao que nos rodeia. Actuando no Torreão, fazendo algumas saídas e fazendo coisas que nos dêem prazer. O teatro é isso mesmo, o prazer de ver e de fazer”. Um exemplo de paixão ao teatro é a própria Dora Conde, que após vários anos de indecisão acabou por tirar um curso de teatro na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. “Não tinha nenhuma formação, tinha gosto. Não sei como nasceu mas vive comigo há muitos anos”.
“O teatro é o prazer de ver e de fazer”

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