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O provedor da Central de Cervejas

O provedor da Central de Cervejas

Nuno Pinto de Magalhães responde por ano a cerca de 700 questões

A Central de Cervejas e Bebidas, em Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira, tem um provedor que recebe, todos os anos, cerca de 700 questões suscitadas por consumidores, clientes, fornecedores e até adeptos de futebol que querem perceber por que razão a marca apoia uma equipa e não outra. Nuno Pinto Magalhães responde a todas as perguntas. Às vezes é preciso respirar fundo – é impossível agradar a gregos e a troianos - mas nem sempre quem questiona tem razão.

Por que é que a marca Sagres apoia um clube e não apoia outro? Esta é apenas uma das várias questões que chegam ao provedor da Central de Cervejas e Bebidas, em Vialonga, no concelho de Vila Franca de Xira. Nuno Pinto de Magalhães faz questão de responder a todas. Com verdade e frontalidade. “Perante a questão concreta explico que apoiamos o futebol. Somos patrocinadores da selecção nacional de futebol, apoiamos a primeira liga e temos estado ao lado do futebol nos bons e nos maus momentos”, revela o responsável, que é também assessor da administração. As questões chegam normalmente por e-mail, mas também há quem comunique com o provedor por telefone ou carta. Nuno Pinto de Magalhães pede geralmente para que a questão seja formulada por escrito. Por ano o provedor da Central de Cervejas recebe cerca de 700 contactos. Os temas são os mais variados: promoções, campanhas publicitárias, tomadas de posição da companhia, sugestões, críticas, pedidos e até perguntas relacionadas com questões históricas da companhia. Quem questiona são clientes, colaboradores internos, consumidores, fornecedores e distribuidores. Nuno Pinto de Magalhães pode demorar duas semanas a responder a questões mais complexas, mas regra gera faz questão de dar uma resposta na própria semana. Para o provedor não há e-mails simpáticos e antipáticos. Todas as perguntas são pertinentes e por isso faz questão de agradecer todos os contactos. “Há alguns a que não respondo aquilo que a pessoa gostaria de ouvir. Ser provedor não é estar sempre de acordo com a pessoa que questiona. A pessoa que questiona ou faz uma observação pode não ter razão”, analisa o provedor que faz questão de fornecer os elementos que são solicitados.“Não podemos agradar a gregos e a troianos, mas pelo menos respondo de forma objectiva”, explica o provedor que não se deixa levar pelo impulso. A vida já o ensinou que perante perguntas que precisam de respostas mais ponderadas convém que o ímpeto arrefeça. Provavelmente a empresa até gostaria de apoiar um ou outro clube sugerido por e-mail, mas por alguma razão esse acordo não se concretizou. O provedor reporta directamente ao conselho de administração e assim a informação chega directamente à gestão de topo da companhia. Todos os contactos são uma oportunidade de esclarecer e comunicar. “Como temos uma empresa de produtos de grande consumo temos esta postura aberta e franca”. Quando a ideia de criar a figura do provedor surgiu na empresa Nuno Pinto de Magalhães foi o escolhido para desempenhar o cargo pelo vasto e rico percurso desenvolvido na empresa onde trabalha há mais de 30 anos. Um viajado coleccionador viciado em arrumaçõesÀ mesa Nuno Francisco Ribeiro Pinto de Magalhães bebe cerveja Sagres - não fosse provedor da Central de Cervejas e Bebidas - em Vialonga, no concelho de Vila Franca de Xira, mas é também apreciador de um bom vinho português. Tudo depende da ocasião e da ementa. É um bom provador, mais do que cozinheiro. “Gosto de cortar presunto”, diz com humor sobre as suas qualidades de chef.É o quinto de seis irmãos. É casado e tem quatro filhos (dois gémeos com 24 anos, um rapaz com 20 e uma rapariga com 16). Faz questão de acompanhar permanentemente os filhos. Nem que seja com um telefonema para saber como correu o dia. Procura ser um exemplo para os filhos naquilo que pode com a consciência de que não é perfeito. Tal como já fez consigo o seu pai “não dá o peixe”, mas faz questão de “ensinar a pescar”. A esposa, mãe da filha mais nova, tem uma quinta em Alenquer onde o casal passa muitos fins-de-semana e parte das férias. Nuno Pinto de Magalhães tem 55 anos. Cresceu feliz no seio de uma família disciplinada com muito estudo e desporto à mistura. O pai foi engenheiro, administrador e gestor de algumas empresas. Teve uma vida profissional intensa, mas sempre foi um pai presente. A mãe, que acompanhou os filhos em casa, tem 94 anos. O assessor da administração da Central de Cervejas vive na Lapa, em Lisboa. Demora menos tempo a chegar a Vialonga do que em tempos demorava a chegar à sede da empresa na Almirante Reis. Trabalha muito fora como consequência das funções que exerce na área das relações institucionais.Por vezes começa o dia em Lisboa, onde vive, com um encontro de trabalho, ao pequeno-almoço, na pastelaria Versailles. Chega a Vialonga por volta antes 9h00. Mesmo quando está fora da empresa está ligado à Internet portátil. Lê muitas revistas e jornais por inerência das suas funções. Também pratica exercício físico (ginástica e pilates). Gosta de ir ao cinema e tem vários livros de cabeceira. São sobretudo manuais de gestão e, actualmente, “A paixão pela Índia”, obra que escolheu depois de uma viagem que lhe encheu as medidas.O assessor da administração da Central de Cervejas confessa-se vaidoso. Compra a sua roupa e gosta de sair de casa engomado o quanto baste. Em casa faz tudo. Só não garante que faça tudo bem. É simpatizante de um partido democrático na zona do PSD e é crente. Vai à missa todos os domingos. Já visitou a Igreja dos Pastorinhos, em Alverca. Por vezes tem a sensação de que o edifício é demasiado alto, mas já se rendeu à arquitectura, como lhe aconteceu também com o Centro Cultural de Belém. Primeiro estranha-se, depois entranha-se.É viciado em arrumações. Mesmo quando a casa já está arrumada Nuno Pinto de Magalhães faz questão de dar o seu toque. Provavelmente é o único que nota as diferenças, mas a actividade relaxa-o. O gabinete de trabalho, em Vialonga, está repleto de canecas de colecção. Algumas foram compradas durante viagens ao estrangeiro. Outras foram doadas a Nuno Pinto de Magalhões por antigos colaboradores da Central de Cervejas. Há um martelo em cima da mesa. É adepto de bricolage e não pensa duas vezes quando é preciso pregar um quadro. Ao fundo há uma secretária de colecção que utiliza quando se chateia da mesa mais moderna e ainda um quadro com uma alusão à pátria e aos feitos dos compatriotas que admira pela capacidade de ir pelo mundo fora. A arte é uma das suas paixões. É frequentador de exposições, leilões e já chegou a ter um antiquário. Negoceia antiguidades e viaja.O estudante de Direito que chegou a ser o director mais jovem da empresaNuno Pinto de Magalhães, 55 anos, chegou à Central de Cervejas e Bebidas para cumprir o serviço cívico estudantil, em 1974, depois de concluir o sétimo ano do liceu e antes de entrar para o curso de Direito. Foi trabalhar para a área da contabilidade durante um ano a fazer o trabalho mais básico possível. Foi ficando na empresa e continuou a estudar. No departamento de Recursos Humanos da Central de Cervejas, a que se ligou por via da sua área académica, atingiu o topo. “Houve uma altura em que era o director da empresa mais novo de idade e o mais antigo da companhia”, ilustra. Tinha 30 anos. Foi ainda director de compras, director de organização, director administrativo, director logístico, director de exportação, gestor comercial adjunto com o marketing e com as vendas e director da distribuição.Vivia em Lisboa. A sede da empresa estava então na Almirante Reis onde funcionavam os serviços administrativos. Vialonga era uma fábrica. Tal como a de Coimbra e Belas. Chegou a Vialonga em 1995 e foi o primeiro director dos serviços centrais a trabalhar na fábrica. “Quando cheguei a Vialonga os directores que cá existiam eram todos da área industrial”, recorda. A semana era dividida entre Vialonga e Lisboa. Acumulava então duas direcções. O sector de logística, que foi criar em Vialonga, e a organização administrativa que tinha na sede. “Esses directores, engenheiros e responsáveis pelos laboratórios olhavam para mim como aquela pessoa que vinha da sede, mas passado algum tempo todas as barreiras caíram. Fui muito bem acolhido”. Mais tarde a empresa deixou de ter sede em Lisboa e tudo foi transferido para Vialonga. Na altura a fábrica de cerveja era já uma referência industrial a par de outras unidades industriais, como a Soda Póvoa. A fábrica foi inaugurada na década de sessenta do século passado. Na altura a maior parte dos colaboradores trabalhavam e viviam na zona. O desenvolvimento das vias de comunicação levou a que muitos dos colaboradores venham hoje em dia de locais tão distantes, como Cascais ou Cartaxo.A empresa, além de oferecer serviços médicos e refeitório aos colaboradores, procura assegurar que os funcionários conseguem conciliar equilibradamente a vida profissional como a vida pessoal e familiar. “É um assunto sobre o qual reflectimos. Tentamos que as pessoas enquanto estiverem cá estejam felizes a trabalhar. Não podemos ocupar demasiado o tempo das pessoas para não desequilibrar a sua vida”, nota.Em tempo de crise as empresas deviam reforçar o apoio socialEm tempo de crise as empresas deveriam reforçar a componente social para ajudar as famílias com mais dificuldades. Quem o diz é o provedor e assessor de administração da Central de Cervejas e Bebidas, Nuno Pinto de Magalhães, uma empresa que tem entre as prioridades a preocupação com as questões da responsabilidade social. “É um ano em que é exigido àquelas empresas que o podem fazer o reforço da componente da sua solidariedade em relação àqueles que mais precisam”, defende. Desde 2006 que a Central de Cervejas e Bebidas entrega à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira 130 mil euros que a autarquia canaliza para quem mais precisa. “Este ano em vez desse valor apoiar associações culturais entendemos que atendendo ao contexto devíamos canalizar essas verbas para apoio às famílias carenciadas do concelho”. As situações de carência são muitas e a empresa já soube por instituições da freguesia que são cada vez mais pedidos de ajuda de famílias da zona.A empresa considera que manter a parceria com a câmara é o caminho certo. “A câmara presta-nos contas de uma forma muito clara e diz-nos onde usou as verbas. É uma belíssima colaboração. Não temos nenhum reparo a fazer. A câmara garante muito mais monitorização do que nós próprios”.A empresa também apoiou a orquestra do Agrupamento de Escolas de Vialonga através da compra de instrumentos que Nuno Pinto de Magalhães considera um bom exemplo. “É hoje é notável ver o que tocam. Interpretam peças difíceis de compositores como Händel e Mendelssohn”, ilustra acrescentando que são crianças que provavelmente andariam na rua até que os pais regressassem do trabalho. “Em vez disso ficam na escola a aprender música”, realça. Empresa quer ser líder de mercado também lá foraA marca Sagres - líder no mercado em Portugal desde 1998 – quer crescer também além fronteiras. Este é o grande desafio para 2011. “Queremos ter na exportação o mesmo posicionamento que temos no mercado interno. Queremos ser líderes num projecto a médio prazo”, assegura Nuno Pinto Magalhães lembrando que o crescimento está a acontecer nos países onde há tradicionalmente comunidades portuguesas, como França, Suíça, Luxemburgo, Inglaterra, Alemanha e nos países africanos de Angola e Cabo Verde.Para fintar a crise, que já não é de agora, a empresa tem lançado novos produtos e apostado em embalagens apropriadas. “Aproveitamos todas as oportunidades que a crise nos dá para sair dela”, revela Nuno Pinto Magalhães que lembra que a empresa lançou a cerveja Sagres Golo, ligada ao futebol, e novos produtos associados ao bem-estar físico, como as Formas Luso no mercado das águas. A sustentabilidade da empresa tem-se mantido muito à custa do produto cerveja que representa mais de 70 por cento da facturação. A Sagres aposta no futebol para a promoção do produto por considerar que tem códigos de comunicação muito parecidos. “O futebol puro traz convívio, abarca todos os níveis sociais e é - como a cerveja – um dos pequenos luxos a que as pessoas ainda se podem dar. Achamos que o futebol tem trazido algum retorno para a presença da marca, primeiro com a selecção e depois com a liga”.A maioria dos amantes de futebol bebe cerveja quando está a ver um jogo. A tendência do consumidor, reconhece o responsável, é a de regressar ao convívio em casa em vez de optar pelo restaurante.
O provedor da Central de Cervejas

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