
Autarcas dão como garantida continuidade dos comboios de passageiros entre Coruche e Setil
CP apenas admite que existem “negociações”, mas que não há decisão tomada
Na tarde de segunda-feira, já a Câmara de Salvaterra de Magos comunicava a garantia da continuidade do serviço após encontro entre as partes. CP só fala de decisões através de comunicado conjunto das entidades que firmaram o protocolo.
A supressão do serviço de transporte de passageiros entre Setil (Cartaxo) e Coruche, anunciada pela CP para entrar em vigor a partir de 1 de Fevereiro, pode afinal não se concretizar. CP, Refer e os municípios de Cartaxo, Coruche e Salvaterra de Magos estão em negociações para saber se há condições para prosseguir com o protocolo ou cumprir a anunciada suspensão. Se os municípios de Salvaterra de Magos e Coruche dão já por garantida a continuidade do serviço – a Câmara de Salvaterra de Magos colocou mesmo no seu site informação a garantir a continuidade da ligação – por parte da CP, o Gabinete de Imagem e Comunicação Institucional apenas refere que “decorrem negociações entre as entidades que integram o protocolo e dessas negociações sairá um comunicado conjunto”.O presidente da Câmara do Cartaxo, Paulo Caldas, reitera a informação dos municípios de entendimento com a CP. Refere que a empresa vai criar condições de redução do custo do serviço, dsponibilizar mais comboios na estação do Setil e que a câmara está agora em condições de pagar à CP 130 mil euros que tem em dívida.Recorde-se que a CP anunciou para 1 de Fevereiro o fim do serviço de transporte ferroviário de passageiros entre Coruche e Setil com base na falta de procura que justificasse a oferta disponibilizada. Foram colocados avisos com essa informação tanto no site da empresa como nas estações e comboios daquele serviço.A CP argumenta ainda que os três municípios estão em falta com a empresa em 280 mil euros, respeitantes aos pagamentos mensais a que estão obrigados no protocolo para cobrir, em partes iguais, cerca de metade do défice de exploração da linha. A outra metade cabe à CP suportar.Na reunião de dia 24 com a administração da CP, os três municípios reforçaram a apresentação dos seus planos de pagamentos e a procura de encontrar novos e melhores horários dos comboios com menos custos associados. Sindicato dos Ferroviários apresenta propostaDiminuir em 40 por cento os custos de exploração da linha Coruche-Setil é a proposta que o Sindicato dos Ferroviários de Revisão Comercial e Itinerante apresenta para preservar o serviço Coruche - Setil e cerca de 40 postos de trabalho. O SFRCI propõe que sejam eliminados os horários das 12h38-13h09 e 17h42-18h02 no sentido Coruche-setil, e os horários 08h50-09h20 e 14h50-15h20 por serem os menos procurados, passando de dez para seis comboios diários. Aos sábados, a proposta aponta para a manutenção de apenas dois horários 08h05-08h35 (Coruche-Setil) e 19h59-20h29 (Setil-Coruche) em vez dos seis actuais.“Propomos ainda que as equipas compostas por maquinista e revisor de cada comboio faça o regresso em marcha, sem passageiros, ao Entroncamento, em vez de pernoitar em Coruche diariamente e com requisição de serviço de táxi, diminuindo esses custos. Estão em causa cerca de 40 postos de trabalho se o serviço não se mantiver”, refere Luís Bravo, presidente do SFRCI.Em resposta às propostas, a CP lembra que se avança com a redução de 40 por cento da oferta do serviço com a proposta do SFRCI mas que em matéria de custo esse decréscimo real é de apenas 12 por cento. Acrescenta que se propõem eliminar os comboios com maior procura e que os comboios de marcha no final do dia, sem passageiros, implicam também custos. A CP reitera que tem cumprido “integralmente” o protocolo e que o modelo de exploração negociado de início apresentava opções mais económicas que as que estão a ser prestadas com o serviço, sem que tivesse havido alguma opção nesse sentido por parte dos três municípios.Segundo Luís Bravo, é caricato que se queira suprimir o serviço por falta de clientes – são cerca de 130 passageiros a usar diariamente a linha e 23 assinaturas – quando os comboios para Tomar também começaram com falta de adesão, o que foi melhorando progressivamente. “Actualmente, há comboios de hora a hora para Tomar”, diz o sindicalista.BE contra supressão do serviçoO grupo parlamentar do BE na Assembleia da República remeteu um pedido de esclarecimentos ao Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, questionando o que motiva a intenção de encerramento da linha Coruche-Setil a partir de 1 de Fevereiro e a decisão unilateral da CP.Lembra o BE que o encerramento dessa ligação deixa mais de 62 mil habitantes de três concelhos sem alternativa ferroviária de ligação à capital, com custos sociais e agravamento do isolamento daquela população.“O Bloco de Esquerda não compreende, nem aceita a decisão de encerramento daqueles serviços regionais entre Setil e Coruche, na Linha de Vendas Novas”, pode ler-se na nota de imprensa, na qual se questiona a decisão da CP de decidir, unilateralmente, encerrar um serviço de transportes regular que anteriormente tinha protocolado com essas autarquias.

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