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Filipa Silva

Cabeleireira, 28 anos, Praia do Ribatejo (V. Nova da Barquinha)

“Quem não arrisca não petisca. Precisamos todos de arriscar porque a Praia (do Ribatejo) está a morrer. Qualquer dia não há jovens aqui a viver porque não têm nada que os agarre. Gosto muito de morar aqui e gostava que houvesse mais vida. Para isso é necessário dinamismo, não só em termos sociais como económicos”

Como é que encara esta crise?Acho que ainda vai piorar. Eu, por enquanto, ainda não me posso queixar muito mas é complicado porque estou no negócio de cabeleireiro e estética, que não é essencial para a sobrevivência das pessoas. Não é como ir buscar pão e leite. Temos que saber cativar as clientes pelos preços e pela boa disposição com que os atendemos. O seu negócio ressentiu-se com o encerramento da ponte sobre o Tejo?Em algumas clientes sim, outras não. Tenho clientes, do outro lado do Tejo, que passam a ponte a pé e eu vou buscá-las com o meu carro para que não deixem de vir. E depois do serviço concluído vou lá pô-las outra vez. Tem que ser, para não perder a cliente. Se não fosse cabeleireira que profissão gostava de ter seguido?Gosto muito de lidar com o público. Trabalhei cinco anos no balcão de informação de uma grande superfície comercial e foi uma experiência enriquecedora. Antes de pensar em abrir o cabeleireiro pensei em ser florista, porque também é uma área que me agrada, mas acabei por abrir o salão há um ano, porque já trabalhava nisto em part-time. Qual é o seu provérbio de eleição? Quem não arrisca não petisca. Precisamos todos de arriscar porque a Praia (do Ribatejo) está a morrer. Qualquer dia não há jovens aqui a viver porque não têm nada que os agarre. Gosto muito de morar aqui e gostava que houvesse mais vida. Para isso é necessário dinamismo, não só em termos sociais como económicos. Concorda que fechem as escolas da região com menos de 20 alunos?Estamos a ficar com uma população muito envelhecida pelo que acho errado. Por exemplo, com a construção do novo Centro Escolar da Barquinha, já me disseram que os alunos da escola da Praia vão todos para lá. Mas se a escola fechar e a minha filha tiver mesmo que ir, ponho-a em Constância que é mais perto. Se acontecer alguma coisa está aqui a dois passos. E se calhar, há muita gente a pensar o mesmo que eu. E depois, tirando a escola, o que é que fica na Praia do Ribatejo? Costuma participar ou ver os desfiles de Carnaval?Normalmente vou ao Carnaval da Linhaceira (Tomar). Tenho esse hábito e gosto de me mascarar com a minha filha. Acho que, apesar da crise, pode-se sempre fazer a festa nem que seja com material reciclado. Não temos que comprar fatos novos nem gastar fortunas para nos divertirmos. Acho que é importante as pessoas distraírem-se e esquecerem, nem que seja por breves instantes, as agruras da vida.

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