Foi o contacto com as pessoas e a oportunidade de poder ajudá-las a melhorar a sua condição física que levou Pedro Vieira a decidir licenciar-se na área da fisioterapia. Uma profissão que exerce há cerca de uma década. Antes disso, ainda se inscreveu num curso de formação na área da engenharia, mas percebeu que trabalhar com números não era para ele. Filho de pais portugueses, Pedro Vieira nasceu em Angola e cresceu numa cidade perto de Brasília, capital do Brasil. Em jovem ajudava o pai na sua mercearia durante as férias escolares. Quando se formou em fisioterapia, Pedro Vieira, 37 anos, percebeu que o mercado brasileiro estava saturado e decidiu ir à procura de um lugar ao sol no país onde os pais nasceram. Primeiro estabeleceu-se na zona de Lisboa, mas as oportunidades de trabalho surgiram em Santarém onde vive há cerca de cinco anos. Garante que não foi fácil deixar a família no Brasil, mas em Portugal está a conseguir alcançar as metas a que se tinha proposto.Uma delas é o gabinete que o fisioterapeuta abriu no bairro de São Domingos onde atende os pacientes. O seu dia-a-dia divide-se por essas consultas e também pelas que faz ao domicílio, aos pacientes que não têm tanta mobilidade para se deslocarem ao seu espaço. A grande maioria são idosos que sofreram acidentes vasculares cerebrais (AVC) ou acidentes. “As pessoas não têm como sair de casa para as consultas de fisioterapia e é muito importante que façam fisioterapia para conseguirem recuperar e levar uma vida o mais autónoma possível. Foi por isso que apostei nas consultas ao domicílio e a procura tem sido grande”, explica a O MIRANTE.Segundo Pedro Vieira, os problemas mais comuns que os seus pacientes se queixam são lombalgias (nas costas) e dores cervicais (na zona do pescoço). O fisioterapeuta esclarece que a origem destes problemas deve-se em grande maioria à má postura que as pessoas adoptam no dia-a-dia. “A forma como estamos sentados à secretária ou no carro, o modo como andamos, se não for correcto, desenvolvem patologias que causam dor e têm que ser tratadas com fisioterapia”, esclarece.Pedro Vieira alerta ainda para as crianças e jovens que diariamente levam mochilas com livros e cadernos para a escola. O peso e a má colocação das mochilas podem provocar lombalgias ou cervicalgias. “Os jovens têm o hábito de levar as mochilas só num ombro o que é incorrecto. Além disso, o peso dos livros também não ajuda. Por isso é que muitas crianças e jovens se queixam de dores na coluna e pescoço”, afirma.É através das mãos no corpo do paciente que Pedro Vieira faz 90 por cento do diagnóstico. Os outros dez por cento são feitos através de exame visual e radiografias, raios X ou ressonâncias magnéticas que os pacientes apresentem. O fisioterapeuta testa a mobilidade das articulações, a temperatura dos tecidos e o posicionamento ou desnivelamento de cada articulação e osso para compreender a origem do problema dos seus doentes. Uma consulta dura em média entre 45 minutos a uma hora, embora em pacientes com situações de saúde mais graves as consultas normalmente se prolonguem por hora e meia.O stress é um dos factores que pode provocar desnivelamento das articulações. “O stress só por si provoca muita tensão. Se alguma parte do organismo não está a funcionar a 100 por cento vai provocar um esforço em outros locais do corpo, para compensar, e daí surgem as lesões e dores”, justifica Pedro Vieira. A grande maioria dos seus pacientes é idosa, na casa dos 70/80 anos, mas também dá consultas a bebés, nestes casos de fisioterapia respiratória, muito frequente nesta altura do ano. O fisioterapeuta concorda que a sua actividade profissional é cansativa porque exige muito esforço físico. Mas o facto de fazer aquilo que gosta, diz, compensa qualquer cansaço que possa ter ao final do dia.Além das consultas de fisioterapia, Pedro Vieira começou, recentemente, a dar consultas de osteopatia e até final do ano quer estar apto a dar consultas de acupunctura. Para evitar ter que recorrer à fisioterapia, Pedro Vieira aconselha actividade física regular, sobretudo caminhada e uma postura correcta. “Fujam do sofá, da televisão e da internet”, aconselha.