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31 anos do jornal o Mirante
Tânia Honório

Tânia Honório

34 anos, empresária, Tomar
Em criança queria ser enfermeira e não descartou a hipótese de vir a tirar o curso. Estudei em Tomar até ao 12.º ano. Como não prossegui os estudos, fui trabalhar para uma clínica no Entroncamento como recepcionista, ajudando também na contabilidade. Mais tarde passei a assistente de ginecologia e obstetrícia. Foi uma área que me fascinou bastante. A certa altura, tinha uma colega que estava na área da Medicina do Trabalho e que saiu da empresa. Convidaram-me para o lugar dela, aceitei e abracei esse serviço que passava por muitas deslocações na rua. Foi muito gratificante porque conhecemos muita gente. Esta empresa está na base de um acidente de automóvel que tive há sete anos. Essa situação impossibilitou-me de trabalhar durante três anos, o que me levou a sair da empresa onde trabalhava. Passei a necessitar de alguns cuidados de apoio domiciliário que não tive. Recordo que a assistente social só apareceu em minha casa quando já conseguia fazer a minha higiene pessoal ou tinha quem me levasse à fisioterapia. Foram alguns médicos da clínica onde trabalhava que me incentivaram a abrir um espaço meu. Pensei que se o fizesse teria que ter esta componente de apoio domiciliário nas áreas da enfermagem, da fisioterapia, ou seja, naquilo que necessitei e não tive. Partimos do zero. Cada azulejo que está na sala de enfermagem da “TomarSaúde” foi colocado por mim, pela minha irmã (Ana Honório), pelo meu marido e cunhado. Já tínhamos a porta aberta quando o Centro de Emprego nos negou o apoio ao qual tínhamos concorrido. Tanto eu como a minha irmã estávamos desempregadas pelo que decidimos criar o nosso emprego. Já tínhamos alguns créditos feitos para as obras pelo que tivemos que nos empenhar mais. Todos os dias lutamos para que a nossa empresa cresça.Começámos com poucas especialidades e fomos evoluindo de forma gradual. Há especialidades que tentamos implementar mas que não vingam porque as pessoas estão habituadas a ir a Coimbra ou a Lisboa. Neste momento queremos arrancar com uma nova área, bastante interessante, na medicina familiar, onde se inclui o planeamento familiar, o cuidado à criança e o cuidado ao idoso. Tentamos sempre inovar o nosso leque de serviços. Faço um pouco de tudo na empresa. Dedico algumas horas do dia ao atendimento, a falar com os utentes em horas previamente marcadas, preencho as suas fichas de utentes e encaminho-os até aos gabinetes onde vão ser consultados. Também acompanho os médicos nas consultas que fazem ao domicílio e ajudo os enfermeiros nos cuidados do paciente. Mesmo depois de deixarem de necessitar dos nossos serviços, porque melhoraram o seu estado de saúde ou deixaram de estar acamados, continuo a visitá-los. Não desligamos completamente da pessoa. O meu telemóvel está 24 horas ligado para os serviços de apoio domiciliário. É difícil conciliar esta actividade com a minha vida pessoal. São serviços que se fazem quase de forma ininterrupta. Ao fim-de-semana também vou ajudar os enfermeiros, quando não tenho nenhum auxiliar disponível. Acabo por ter pouco tempo livre. Quando vou de férias, levo o telemóvel atrás. Nos últimos quatro anos só consegui ir à praia cinco dias mas neste momento, eu e a minha irmã, já conseguimos gerir os horários para termos tempo livre para nós. Tenho pouco tempo para os amigos mas tento desfrutá-lo ao máximo. Neste momento estou de licença de maternidade e tenho algum tempo para a leitura, que estava em stand-by. Também gosto muito de música. Estudei piano no Conservatório de Tomar. Gosto muito de trabalhos manuais, especialmente de pintura e materiais têxteis. Faço tapetes em Arraiolos. Agora, com um filho recém-nascido, faço alguns trabalhos em ponto cruz para ele, tal como já tinha feito para a minha primeira filha. Não gosto de me enfiar uma tarde inteira no café. Sou uma pessoa positiva e que gosta de arriscar. O acidente que tive ensinou-me que se deve viver um dia de cada vez, fazendo os outros felizes.Elsa Ribeiro Gonçalves
Tânia Honório

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