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“Cartoon Xira precisa de mais visitantes”

“Cartoon Xira precisa de mais visitantes”

Melhores cartoons de 2010 estão expostos em Vila Franca de Xira

Já arrancou mais uma edição do Cartoon Xira no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira. Duas salas repletas de desenhos humorísticos passam em retrospectiva o ano de 2010, destacando-se a quantidade de trabalhos que aludem à crise nacional e internacional.

Falta ao Cartoon Xira conquistar mais público. Esta foi uma das ideias lançadas pelo conhecido cartoonista de Vila Franca de Xira, António, na sessão de inauguração do Cartoon Xira que decorreu no sábado, 26 de Fevereiro, no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira. António, Augusto Cid, Maia, António Jorge Gonçalves, Cristina Sampaio e André Carrilho são os autores representados na mostra que reúne os melhores cartoons do ano 2010 publicados na imprensa nacional. O holandês Willem foi o convidado internacional desta edição, integrando a exposição com a selecção de trabalhos “De mal a pior”. “O Cartoon Xira precisa de mais visitantes. Vila Franca de Xira é um concelho lateral, mas deveria fazer um esforço de comunicação de modo a mostrar aos cerca de três milhões de pessoas que vivem à volta de Lisboa que o Cartoon Xira existe e tem horários bons para ser visitado”, explicou António, notando que agora as exposições precisam de ir ao encontro do público. Também Cristina Sampaio partilha da mesma opinião: “A verdadeira descentralização não é realizar um evento só para os vilafranquenses mas deve trazer também público de outros locais”. Augusto Cid só se mostraria preocupado se a exposição fosse realizada a “300 quilómetros de Lisboa”, mas em Vila Franca de Xira está, na sua opinião, acessível a muitos potenciais visitantes. Na mostra pode rever-se o cartoon do actual Papa Bento XVI com um preservativo na cabeça, publicado por António no “Expresso”, 17 anos depois de ter publicado o cartoon do Papa João Paulo II com um preservativo enfiado no nariz, que gerou uma enorme polémica em Portugal. Cristina Sampaio destaca o desenho “O Último a Sair”, onde o mapa de Portugal se encontra às escuras porque o último a sair desligou a luz, não deixando mais nada para dar. O desenho venceu o Prémio Stuart de Desenho de Imprensa 2010, instituído pela Casa da Imprensa e pelo El Corte Inglês. No “Portugal Fashion”, de Gonçalves, as modelos são vacas magras que trazem cravado na roupa e nos adereços a sigla “PEC”. Estes são apenas alguns dos cartoons que integram a exposição, rica em trabalhos que aludem à crise nacional e internacional (ver caixa). Todos os cartoonistas que integram a exposição publicam em jornais nacionais, com excepção de Maia que também publica em dois jornais regionais. “Os leitores de um jornal local não pensam só na sua região, mas também a nível nacional. Não vou fazer um cartoon sobre assuntos de paróquia, a não ser que haja um caso extraordinário”, explica Maia que opta sempre por assuntos de âmbito nacional e internacional. Gonçalves não partilha da mesma opinião, considerando que o jornalismo local também deveria explorar mais o cartoon, colocando em causa a política local. “Num jornal de tiragem nacional, o cartoon tem de viver de elementos e personagens altamente reconhecíveis por todos os leitores do país, já que o espaço para introduzir o assunto é diminuto, dispondo geralmente apenas de uma imagem”, explica Gonçalves para justificar a constante repetição de protagonistas e temas.Na cerimónia esteve também presente o cartoonista holandês Willem, que reside actualmente em França, colaborando com o “Libération”. “De mal a pior” é o nome que deu à selecção dos seus trabalhos que também integram a exposição. A inauguração contou com a presença dos músicos do Corpo de Salvação Pública da Póvoa de Santa Iria. “Os cartoonistas são os mais olhados de soslaio, quanto mais não seja porque são aqueles que o leitor nunca perde”, concluiu Gonçalves. O Cartoon Xira pode ser visitado até ao dia 10 de Abril.Crise é o melhor remédio para os cartoonistas“São cartoonistas, isto é, têm assuntos em barda: eles vivem da farta fruta da época, o mal dos outros”, escreve o jornalista Ferreira Fernandes no catálogo da exposição. Numa altura em que a classe política nacional está a “passar as passas do Algarve”, os cartoonistas deliciam-se com a matéria-prima que podem trabalhar. “Estamos numa altura fértil. O bom cartoon não faz ámen em relação a nenhum assunto, coloca-o sempre em causa e os tempos conturbados precisam muito desse contributo”, explica Gonçalves. Também Augusto Cid “não gosta de águas paradas”: “Quanto pior estão as coisas, melhor para nós”. O material é tanto que nenhum dos cartoonistas se queixou de falta de inspiração nos últimos tempos.Cartoon Xira no Chiado para atrair lisboetas“Cartoons do ano 2010” e “Willem – De mal a pior” os livros-catálogo do Cartoon Xira deste ano foram lançados na Fnac do Chiado, em Lisboa, no passado domingo, 27 de Fevereiro. Os dois livros, editados pela Assírio & Alvim, permitem levar para casa a colecção de alguns dos melhores trabalhos de renomados cartoonistas que recordam o ano de 2010 aliando a crítica social com o humor.Maria da Luz Rosinha foi ao auditório da FNAC numa acção de propaganda do seu concelho e de valorização da iniciativa. António Antunes, o cartoonista do jornal Expresso, recordou palavras antigas de esperança no êxito cultural desta iniciativa, na sua internacionalização e na atracção de novos públicos.“Temos um problema que é a comunicação social. Ninguém nos liga, embora nós sejamos profissionais do meio”, lamentou, a exemplo do que já tinha dito dois dias antes na inauguração da exposição no Celeiro do Patriarcal.Com Willem, o convidado internacional, na mesa, António disse estar orgulhoso de o ter ouvido confessar que o livro-catálogo da obra do cartonista francês era o que de melhor, até agora, tinha sido editado sobre a sua obra. Para a organização é uma honra, reafirmou, depois de considerar que o Cartoon Xira é um evento sem paralelo e nível nacional e que espera, no futuro, apresentar outros grandes autores, inclusive alguns que abordam a arte do cartoon de forma mais diferenciada.
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