Homenagem a mulheres autarcas exalta poder local no feminino
Iniciativa partiu da Governadora Civil de Santarém por ocasião do Dia Internacional da Mulher
As homenageadas consideram natural a paulatina abertura do mundo da política às mulheres.
A governadora civil de Santarém, Sónia Sanfona, homenageou no dia 10 de Março oito mulheres autarcas do distrito de Santarém, representando nelas as cerca de 800 mulheres que desempenham funções autárquicas no distrito de Santarém. Nessa exaltação do poder local no feminino em nome da igualdade de oportunidades, as distinguidas foram: Ana Cristina Ribeiro (presidente da Câmara de Salvaterra de Magos); Fernanda Asseiceira (presidente da Câmara de Alcanena); Isaura Morais (presidente da Câmara de Rio Maior); Maria do Céu Albuquerque (presidente da Câmara de Abrantes); Deolinda Simões (presidente da Assembleia Municipal de Ourém), Luísa Henriques (presidente da Assembleia de Freguesia da Madalena – Tomar); Margarida Netto (vogal da Assembleia Municipal de Benavente) e Salomé Vieira (presidente da Junta de Freguesia de Pernes).Ana Cristina Ribeiro e Maria do Céu Albuquerque não compareceram à cerimónia, tendo a autarca de Abrantes sido representada pela sua vereadora Celeste Simão. Na plateia, muitas mulheres e alguns homens puderam assistir a um filme “idealizado pela governadora civil” sobre as homenageadas, com alguns depoimentos curiosos, como o de Salomé Vieira, 42 anos, que certo dia, após ser confrontada com um fornecedor da Junta de Freguesia de Pernes que não escondeu a surpresa por ver uma mulher no cargo de presidente, respondeu à letra: “Ó homem você ainda é desse tempo?”.Deolinda Simões, 66 anos, declarou que a mulher “para ser um valor na sociedade” tem que saber também lidar com o mundo masculino e “não se isolar só no lado feminino”. Já Margarida Netto, 47 anos, relevou o apoio da família para poder desempenhar os cargos políticos que assumiu, já que é também líder distrital do CDS/PP. Maria do Céu Albuquerque, 41 anos, diz que o estigma relativamente às mulheres em cargos de chefia na política tem vindo a ser ultrapassado paulatinamente e, no seu caso, não tem razões de queixa. “Acho que o percurso foi natural de vereadora a presidente da câmara. Não foi um percurso difícil”, disse, acrescentando que o projecto autárquico a envolve a “cem por cento”, mas também à família. “Por isso é mais fácil gerir esta situação”, sublinha.Isaura Morais confessa que para estar mais tempo com a filha adolescente por vezes leva-a consigo a algumas iniciativas ao fim de semana e que, apesar da agenda preenchida, tenta sempre arranjar um pouco para estar com os pais. “Como mulher, como autarca ou como mãe não há tempos livres, nós é que temos que os criar”. E diz que não faz sentido falar em diferenças entre sexos. “Isto vai muito da vontade que temos de desempenhar determinadas tarefas, da competência e da humildade que temos de ter nos assuntos que não dominamos”.A presidente da Câmara de Salvaterra de Magos assume que faz o que gosta e que não encontrou obstáculos especiais pelo facto de ser mulher. Diz até que a condição feminina pode ter ajudado. Ana Cristina Ribeiro confessa-se uma “mulher de sorte” e admite que no processo de decisão nem sempre as coisas correm bem. “Uma vezes decidimos bem e noutras nem tanto. Mas devemos ter coragem de assumir o que vamos fazendo”.Fernanda Asseiceira confessa que há “muito coração” na forma como gere a Câmara de Alcanena, mas ressalva que também não pode faltar a razão. “As mulheres neste momento estão dispostas a ir à luta e a sociedade já aceita que à mulher seja atribuída uma função ou cargo mesmo que sejam de natureza muito exigente”, referiu.Com outro grau de exigência a nível autárquico se confronta Luísa Henriques, 35 anos, funcionária do Centro Distrital de Operações e Socorro (CDOS). A autarca diz que “é fácil” desempenhar as funções de presidente da Assembleia de Freguesia da Madalena, órgão que reúne 4 ou 5 vezes por ano, pois é um cargo que “não rouba muito tempo”.
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