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Uma vida passada entre máquinas de trabalho agrícola

Uma vida passada entre máquinas de trabalho agrícola

José Oliveira Branha começou por ser mecânico de automóveis

O profissional cedo percebeu que a sua vocação era reparar todo o tipo de máquinas agrícolas.

Quatro da tarde de sexta-feira e José Oliveira Branha e um empregado andam de volta do sistema de transmissão de uma enorme ceifeira mecânica. Cada peça da máquina parece vir de um mundo de gigantes, porcas e parafusos do tamanho de dedos, e rodados do tamanho de um adulto. Num pavilhão da travessa da Patracola, na chamada zona do Charnecão, em Alpiarça, há tractores, ceifeiras, semeadores, alfaias e máquinas agrícolas com que José de Oliveira Branha lida desde que começou a cuidar de gado e a fazer trabalho de campo após concluir a quarta classe. Actualmente, é proprietário da empresa com o seu nome que aluga e repara todo o tipo de máquinas agrícolas.Depois de cumprir a quarta classe, José Oliveira Branha foi trabalhar para o campo, na quinta da Lagoalva, para ajudar a família. Trabalhou desde cedo com ceifeiras e tractores. Aos 14 anos já era mecânico dessas máquinas e trabalhou em Vale de Figueira mas a tropa convocou-o para uma comissão de 27 meses em Angola na guerra colonial. Voltou incólume e ingressou numa oficina de Santarém. Aos 24 anos foi trabalhar para uma empresa de máquinas agrícolas da mesma cidade onde permaneceu 12 anos. Estava finalmente apto a dar o salto e a pensar em trabalhar por conta própria. Quando a empresa passou por dificuldades, José Branha comprou-lhes uma ceifeira e uma enfardadeira. Já nessa altura, e com um empregado, foi fazendo alguns serviços na Quinta da Torre, também em Alpiarça. Foi a partir daí que José Branha lançou a sua empresa. Hoje conta com clientes de várias zonas do país, particularmente do Ribatejo e do Alentejo. Os agricultores e casas agrícolas alugam os seus terrenos para os cultivos intensivos de milho e de trigo que precisam de máquinas de grande porte. José Branha confessa que nunca teve grandes sonhos em criança quanto ao seu futuro profissional porque a vida no campo não lhe permitia pensar nessas coisas. Mas ainda foi jogador de futebol nos “Os Águias” de Alpiarça, onde entre os juvenis e os seniores, foi guarda-redes, apesar da baixa estatura. “Tinha jeito para essa posição”, recorda.O trabalho diário depende da época do ano. De Março a Novembro José Branha está sobretudo nos campos agrícolas a coordenar o trabalho com as máquinas, a preparar terras, a semear ou a colher o produto do cultivo. Nos restantes meses do ano, quando não há culturas, dedica-se à reparação de máquinas nas suas instalações. José Branha chega por volta as 07h30 à empresa e dedica-se às reparações mecânicas das ceifeiras de marca Claas e tractores da marca Fendt. Desmonta os sistemas que precisam de ser reparados e volta a montar com a ajuda de empregados e dos dois filhos, Nuno e Hugo, que colaboram consigo, num total de nove pessoas. A mulher, Maria dos Anjos, colabora na parte administrativa e contabilística da empresa. Num armazém tem secção de peças e noutro todo o tipo de correias, num stock assinalável.Para quem lida com grandes máquinas há momentos que não se esquecem. Num deles, José Branha quase perdeu a vida quando, há vários anos, estava a limpar o interior de uma ceifeira em funcionamento quando um ferro se prendeu à manga do casaco de cabedal que envergava. “A minha sorte foi que a fazer força as costuras do casaco cederam mas foram para dentro da máquina, em vez de mim”, recorda.Outra situação deu-se em Torres Novas quando foi buscar uma ceifeira e a passar por uma ponte em Pernes um dos lados da máquina subiu um aqueduto e fez com que capotasse de imediato. Outro episódio sem consequências de maior para José Branha.Tempo livre e férias são palavras pouco rotineiras no vocabulário de José Branha. Férias é algo não tem há vários anos e todos os momentos livres são aproveitados para descansar. “Durante a semana costumo sair daqui por volta das nove da noite. Descanso, vejo televisão e pelas 22h30 ou 23h00 já estou a dormir. Tenho apenas o domingo livre, isto quando não estamos nas épocas do campo”, explica.
Uma vida passada entre máquinas de trabalho agrícola

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