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“Se houvesse bairrismo em Alverca o problema da variante já estava resolvido”

António Vargas, presidente da Assembleia de Freguesia de Alverca, eleito pela Coligação Novo Rumo

O presidente da Assembleia de Freguesia de Alverca, António Vargas, eleito pela Coligação Novo Rumo, tem um olhar brando sobre a governação do PS na cidade. A petição que defende a construção da variante em Alverca ainda não tem o número total de assinaturas, mas mais importante do que resolver o problema do excesso de trânsito do centro, defende o empresário, é construir um parque da cidade na freguesia.

É aceitável que uma petição para defender a variante de Alverca – que vai retirar muito trânsito do centro da cidade - não tenha ainda o número necessário de subscritores [4500] numa freguesia tão grande? A junta não se tem esforçado? Acho que toda a gente fala do lobo mas ninguém tem vontade de o caçar. Acho que as forças políticas da cidade de Alverca não se têm interessado verdadeiramente pelo caso. Isto sem prejuízo do empenho de uma comissão que antes da junta pegar no assunto trabalhou bastante. Se houvesse bairrismo o problema da variante já estava resolvido. A cidade não se defende só com palavras ao sábado e ao domingo à tarde. Com isto não me estou a colocar de fora. Então fala também como eleito da Coligação Novo Rumo [PSD/CDS-PP/MPT/PPM]...Sim. Se bem que o PSD apoiou a comissão nesse trabalho... A variante é muito importante. É preciso agarrar nas coisas e levá-las até ao fim. E isso não foi feito por ninguém. Não houve determinação. As forças autárquicas esqueceram-se de Alverca. Está a dizer então que a cidade está em más mãos?Não quer dizer que esteja em más mãos. As forças políticas têm é dado atenção a outras questões. A cidade tem outros problemas. O final do primeiro trimestre deste ano era o prazo indicado por Maria da Luz Rosinha para que a recolha estivesse concluída. Não serão os dois anos que levou o Forte da Casa a fazer uma petição parecida… Mais uns três ou quatro meses e isto estará concluído. É preciso também que as pessoas respondam. Já participei em acções de recolha de assinaturas e vêem-se pessoas a olhar com alguma indiferença para a situação. A Força Aérea está a ser irredutível ao não querer ceder terrenos militares?As Forças Armadas estão a ter o comportamento que têm sempre em Portugal. Não é diferente por ser aqui. Talvez estejam a defender alguma coisa em que acreditem. A base militar pode vir a ser necessária... O problema do trânsito é um dos principais males da cidade?Não. Trânsito em horas de ponta há em todo o lado. Com a variante serão desviados alguns pesados. A cidade também precisa dos carros. Sabemos de muitas terras que têm morrido porque simplesmente o trânsito deixou de lá passar por dentro. O trânsito são pessoas também. Se pensarmos que os carros eléctricos estão a chegar vamos deixar de comprar petróleo e vamos deixar de ter poluição nas cidades. Acho que um dos maiores problemas da cidade de Alverca é não ter um parque da cidade. Mais do que uma zona verde um parque da cidade onde as pessoas possam estar e conversar. Esta cidade em comparação com outras cidades da mesma dimensão não tem um sítio onde as pessoas se possam sentar no Verão e convidar amigos. Acho que merecemos mais.Quem tem falhado? A junta ou a câmara?Se olharmos para as outras freguesias do concelho vemos que não são muito diferentes de Alverca. O concelho está muito mal pensado e o dinheiro acaba por gastar-se na mesma. Não estou a dizer que a culpa é da presidente da câmara, que até admiro. Mas ela sozinha não faz tudo. Há uma equipa que não me parece que esteja a funcionar bem.O concelho é também muito martirizado pelo atravessamento da linha de caminho de ferro e da auto-estrada...A cidade de Espinho, que também está dividida ao meio pela linha de caminho de ferro, não deixou de crescer e ficar organizada. Essa desculpa não pode servir para tudo. Em Alverca onde defende o parque da cidade?Acho que deveria ser construído nos terrenos que foram cedidos ao Futebol Clube de Alverca. Mas não vamos pedir agora de volta o espaço... Não é essa a ideia… mas a área é perfeita para isso. Não sendo possível tem que encontrar-se alguma coisa para os lados da serra... Não há muitos terrenos no concelho. Também porque a construção não pára em Alverca...Em Alverca e em todo o lado. As autarquias passaram a fazer conta no seu orçamento com as licenças da construção. O país está como o concelho: mal pensado. Por que é que eu vim morar para cá? Precisava de uma casa maior e a bom preço. É esta a razão que leva a maioria das pessoas a vir morar para aqui. Se a cidade não tem atractivos o que mais pode trazer as pessoas para cá? Basta de construção ou vale a pena construir para dar alternativa aos jovens casais como agumenta o PS?Acho que há muitas casas vazias em Alverca que se podem alugar. Corremos o risco de cair no mesmo erro que se caiu em Lisboa e noutras cidades. Temos as pessoas a viver fora das cidades, o que não acontece em Madrid nem acontece em Barcelona. Deveria apostar-se na requalificação. Que avaliação faz da governação local?São esforçados. Há sempre coisas que se podem melhorar. Certamente haverá quem faça melhor.A Coligação fará melhor?O projecto da Coligação para a cidade é muito mais ousado do que aquele que está implementado. E às vezes não é preciso muito mais dinheiro. Passou na última reunião de câmara a aprovação de topónimos da freguesia que não passaram em assembleia de freguesia. Não é obrigatório mas o presidente poderia tê-lo feito. Como encara este tipo de atitude?A Coligação Novo Rumo e o PS são diferentes. Nem me estou a lembrar do primeiro–ministro que foi lá fora anunciar as medidas de austeridade e não disse nada ao presidente da República... Há atitudes que podem ser corrigidas mas isso não tira o valor às pessoas. As pessoas de Alverca sentem-se desligadas do que se passa ? Os habitantes de Alverca mais antigos conhecem-se e trabalharam nas OGMA. A cidade também tem pessoas que vivem cá há pouco tempo. Falta identidade à cidade. Não temos uma marcha de Alverca, por exemplo. É verdade que temos outras associações. Se houvesse mais bairrismo o problema da variante de Alverca já estava resolvido. Falta identidade a Alverca?Alverca agarrava-se à aeronáutica aproveitando essa história. Se tirarem isso a cidade fica com quê?O mais importante – Museu do Ar - já foi embora...Continuamos aqui com um pólo que vamos tentar dinamizar. Não se sabe se ainda haverá um revês. Está previsto um cluster aeronáutico para a cidade e podemos ainda vir a recuperar esse protagonismo que já tivemos antes de Sintra. Se o concelho tivesse sido pensado de maneira diferente não estaríamos a falar disso agora. “Os desempregados são sempre os mesmos”“Os desempregados são sempre os mesmos ou quase. Ninguém quer trabalhar. Há uns meses liguei para o IEFP de Moscavide e pedi para não me enviarem mais ninguém porque as pessoas que cá vêm não querem trabalho”. Quem o diz é o presidente da Assembleia de Freguesia de Alverca, António Vargas, engenheiro químico de formação e empresário de profissão. “No meio disto tudo há pessoas que foram apanhadas no desemprego mas de uma maneira geral quem quer trabalhar cá ou no estrangeiro consegue”, reconhece o empresário que acha que as “pessoas estão viciadas em não trabalhar” por causa dos subsídios. António Vargas está preocupado com a situação que vive o país mas considera que é preciso apostar em quem trabalha, inovar e não arranjar desculpas. “A nossa solução é continuar a trabalhar e a gerar empregos”, analisa. Construção de passeios são propostas dos munícipes para orçamento participativoInformação foi distribuída em 15 mil caixas de correio mas apenas chegaram 27 sugestões A construção de um passeio em frente ao Centro de formação do IEFP, em Alverca, é uma das quatro propostas que vão ser concretizadas no âmbito do orçamento participativo, uma iniciativa dinamizada pela assembleia de freguesia em colaboração com a junta. A obra vai custar 4600 euros. Tendo em conta que o valor do projecto era de 10 mil euros vão ainda avançar mais três obras: a construção de um passeio e jardim na Rua Ivone Silva, junto ao nº 85, a construção de um lancil e calçada na Rua José Ferreira Cera e o arranjo de um passeio na Rua da Juventude, frente ao nº 4. As duas primeiras obras têm um custo estimado de 3000 euros e a terceira de 4000 euros. A informação sobre a iniciativa foi distribuída em 15 mil caixas do correio mas apenas foram registadas 27 propostas. Ainda assim o presidente da assembleia de freguesia, António Vargas, ficou satisfeito tendo em conta a postura geral das pessoas que nem sequer se interessam pela própria rua”. “Ficámos surpreendidos com as 27 propostas concretas e bem definidas que recebemos tendo em conta o pouco tempo que tivemos para divulgar a iniciativa”, explicou António Vargas. A somatória do conjunto dos quatro projectos vencedores está dentro dos 15 mil euros que estavam destinados ao orçamento participativo. “Se os alverquenses virem as obras que sugeriram realizadas, tenho a certeza que o número de participações nos próximos anos irá ser ainda maior”, antevê. Muitas propostas não tiveram acolhimento porque são problemas que ultrapassam a capacidade de resposta da junta ou então estão já a ser solucionados. Outras propostas que acabaram por não vencer prendem-se com pedidos do reforço do policiamento, trânsito, estacionamento e a criação de uma loja social. Uma das sugestões fala na possibilidade de ser construído um monumento à Batalha de Alfarrobeira. A sessão pública de apresentação dos projectos vencedores decorrerá esta quinta-feira, 31 de Março, às 21h00, no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo. O engenheiro químico alentejano que veio morar para AlvercaAntónio Gomes Vargas nasceu em Mértola a 21 de Dezembro de 1950. Teve uma infância pacata. O avô espanhol, combateu na Guerra Civil de Espanha, fixou-se na zona e ali fez vida. O pai trabalhava como administrativo na exploração de minérios e ainda geria um negócio de sapataria. A mãe tratava de uma família de três meninas e um rapaz. Aos 10 anos António Vargas rumou com a família a Sacavém. Estudou química na Escola Secundária de Fonseca Benevides, em Lisboa, altura em que o gosto pela disciplina surgiu levando-o ao curso de engenharia química que completou no Instituto Superior Técnico. Quando casou deixou Sacavém e foi morar para a Bobadela, antes de se fixar em Alverca. Há cerca de 20 anos colocou a química de lado e criou a própria empresa que tem actualmente 12 colaboradores. Negoceia no sector da ourivesaria e do merchandising com alguns clubes de futebol. Foi professor e os elogios dos alunos de química e matemática levaram-no a pensar que poderia transmitir algum do conhecimento adquirido. Aceitou por isso um convite do PSD para integrar as listas. Por razões profissionais achava sempre que não tinha tempo. Tal como na altura continua a achar que o tempo que dedica à política é pouco e admite, com simplicidade, que não está a par de todas as questões sobre a freguesia. É casado, tem três filhos e um neto. O filho mais novo estuda na Escola Secundária Gago Coutinho, o do meio é neste momento actor de novelas e teatro e o mais velho é geólogo e trabalha em Angola. Vive num apartamento no centro da cidade. Ao fim-de-semana costuma sair e ficar na outra casa que tem no Alto Alentejo, onde passeia, pesca e trabalha nos terrenos. Não é um grande artista na cozinha, mas os bifes que prepara, com muito alho e pouco sal, deixam a família deliciada.

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