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António Oliveira

António Oliveira

52 anos, médico, Tomar

Nasceu em Tomar a 26 de Abril de 1958. Desde pequeno que gostava de ser médico, curso que tirou em Coimbra. Especializou-se em Ortopedia que exerce de uma maneira apaixonada há mais de vinte anos. Em 1996 abre o Centro de Reabilitação do Nabão, em Tomar, clínica de fisioterapia que prosperou e alcançou grande prestígio na cidade. É uma pessoa bem-disposta que costuma encarar as contrariedades com sentido de humor. Honestidade e trabalho são lemas de vida.

Desde pequeno que dizia ao meu pai que gostava de ser médico. Houve uma altura, com seis, sete anos, em que gostava de ser pedreiro porque achava piada às construções que via fazer (risos). Mas depressa ganhei a vontade de ser médico outra vez, embora quando chegou a altura de fazer o exame de aptidão pensei que não conseguia entrar em medicina e fui dizer ao meu pai que ia para Engenharia Electrotécnica. Ele convenceu-me a fazer o exame e lá entrei em Medicina. Gosto mais de operar do que fazer consultas. As cirurgias são um desafio diferente. Gosto de Ortopedia porque é uma especialidade onde os resultados se vêem. Na altura do curso a especialidade que gostava mais era Cardiologia. No meu internato geral estive a trabalhar um ano na Hematologia mas acabei por não gostar. Chegava lá num dia e tinha um número de doentes e, no dia seguinte, já tinham morrido o que era muito frustrante. Mais tarde fui fazer o internato de Ortopedia com um colega que considero extraordinário, o dr. Grego Esteves (já falecido), que me incutiu o gosto por esta especialidade. Só vai para Ortopedia quem gosta mesmo de ortopedia. Participo em congressos e compro revistas para me actualizar. A Ortopedia deve ser uma das especialidades médicas que mais tem evoluído nos últimos tempos. Actualizamos materiais quase todos os meses. Temos que estar a par do progresso porque senão perdemos o comboio (risos). Mas volto a dizer que gosto muito do que faço. Tenho um filho a estudar Direito em Coimbra e sempre lhe disse que devia tirar um curso de que gostasse porque passar o resto da vida a fazer uma coisa de que não se gosta deve ser terrível. Morei em Tomar até ir para a Faculdade de Medicina em Coimbra. Fiz lá o internato geral. Depois fui para a tropa e, por coincidência, fui colocado no Hospital de Tomar onde estive cerca de três anos como médico contratado. Mais tarde fui para Santarém, onde fiz a especialidade de Ortopedia e por lá fiquei. Actualmente, divido o meu tempo entre Tomar e Santarém, cidade onde tenho mais investimentos.Abri o Centro de Reabilitação do Nabão em 1996. Queria fazer alguma coisa na minha terra e parecia-me que existia um défice de um bom serviço de fisiatria e fisioterapia para os doentes. Tratamos 130 doentes por dia. Temos fisioterapia, cirurgia geral, dermatologia, psiquiatria e psicologia. Foi criado por mim e pelo dr. António Júlio Silva e, passado pouco tempo, abrimos a Scalmed - Centro Médico de Santarém que foi crescendo em termos de consultas. Daí estarmos, neste momento, a construir uma unidade em Santarém com três blocos operatórios e trinta camas de internamento. Quando vou de férias começo a sentir falta do trabalho. Por isso, meto-me no avião e vou para bem longe. Só assim consigo esquecer o trabalho e parar um bocadinho. Trabalho entre 10 a 12 horas por dia. Agora já consigo jantar a horas decentes (risos) e ter os fins-de-semana para mim e para a família. Estou arrependido de, no passado, não ter passado mais tempo com o meu filho. Ao fim-de-semana aproveito para ler e gosto muito de dar uma volta à beira-mar. Detesto cozinhar mas gosto de saborear boa comida. O meu lema de vida é trabalho e honestidade. Tenho muitas histórias para contar. Há dias, apareceu-me aqui uma senhora, que eu tenho andado a consultar, com um ramo de flores enorme para me entregar e as lágrimas caíam-lhe pela cara abaixo. Mas também me lembro de andar a tratar de um menino que tinha nascido com malformações graves e, após alguns telefonemas, consegui arranjar maneira de ser consultado em Coimbra. O pai dele era polícia e, certo dia, multou-me por ter deixado o carro a trabalhar junto à câmara municipal. Foi o reconhecimento que tive (risos).Elsa Ribeiro Gonçalves
António Oliveira

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