Cozinheiras das Tasquinhas alimentam os gostos de mil e uma bocas na sombra do festival
Manuela Gonçalves e Lurdes Cuidado trabalham ao serviço de associações de Rio Maior
Durante os dias do evento, que decorre até 10 de Abril em Rio Maior, mal têm tempo para espreitar o que se vai passando à sua volta.
São aos milhares as pessoas que passam pelas Tasquinhas de Rio Maior ao longo de 11 dias de comes e bebes até 10 de Abril, mas poucos ainda dão o devido valor às cozinheiras que passam horas escondidas a preparar os pratos e petiscos. Por detrás de paredes, a levar com o bafo quente de panelões de comida ao lume em bicos de fogões industriais ou em grelhas a carvão, as cozinheiras trabalham como nenhuma outra pessoa para agradar a milhares de visitantes que passam por um evento gastronómico que marca Rio Maior e a região e que se afirma no país.Manuela Gonçalves é das que cozinha por gosto mesmo após 67 anos de vida. Está como cozinheira nas Tasquinhas desde a origem do festival há 25 anos, sempre a representar a freguesia de S. João da Ribeira. Cozinha para ajudar o Rancho Folclórico de S. João da Ribeira, onde também é cantadeira. Tem a companhia do marido, Ricardo Rolho, que serve ao balcão, da filha Margarida, que serve às mesas e até da neta Eva, de 11 anos, que ajuda a escrever as ementas e a responder às solicitações da avó. Por detrás das mesas prontas e do balcão, de uma tasquinha forrada com paredes e tectos de canas recolhidas dos canaviais da freguesia à beira do rio Maior, está a cozinha de Manuela Gonçalves. Tem cerca de seis metros de comprimento por um de largura. De um lado, armários e bancadas com produtos, do outro um fogão industrial com três grandes bicos, um grelhador a carvão e um frigorífico. Pelas 17h30 de sexta-feira, dia inaugural das Tasquinhas, já há muita comida pronta. Grandes panelas e panelões guardam petiscos e pratos. “Temos molhinhos, moelas, galinha, queixadas, fritada de carne, sopa de peixe e estava a preparar o bacalhau para ir ao forno”, afirma, enquanto aponta para postas do fiel amigo com um palmo de comprimento.Manuela Gonçalves passa ali o dia durante os 11 dias do festival. Não tem tempo nem prazer para desfrutar de outros espaços da feira. Chega pelas nove ou dez horas da manhã e sai perto da uma da madrugada, sem auferir nada pelo esforço. “Apenas a satisfação de ajudar o rancho da minha terra, é amor à camisola. O que se ganhar aqui vai para pagar os trajes, as deslocações do grupo, que este ano não faz festival por falta de apoio”, conta quem há 45 anos adoptou S. João da Ribeira vinda de Sintra.Metros adiante o Centro de Educação Especial “O Ninho” estreia-se nas Tasquinhas. A instituição de apoio a pessoas com deficiência mental espera tirar bom proveito do evento. O que, a ver pela limpeza que os convidados fizeram dos petiscos inaugurais, promete. Na cozinha está Lurdes Cuidado, que já tem anos de experiência das Tasquinhas ao serviço da Asseiceira, do União de Rio Maior ou do restaurante Palhinhas Gold. Sempre teve jeito para a cozinha, trabalhou e colaborou nalgumas casas da região e costuma ter lugar marcado em Rio Maior. É, por isso, contratada por O Ninho para fazer o serviço durante a feira. Para a ementa preparou pratos e entradas de fazer água na boca. “Temos galo com castanha frita, sopa da pedra, canja do galucho, fritada com arroz de feijão e batata frita, grelhada mista. A ver pelos comentários também gostaram das pataniscas de bacalhau, ovos de perdiz e orelha de porco que fiz como entradas”, refere a cozinheira, admitindo que sempre teve jeito para cozinhar ao longo de uma vida de 58 anos. Urminda Figueiredo, coordenadora de “O Ninho”, realça que a ajuda de todos é bem precisa durante as tasquinhas para ajudar a instituição a levar por diante os seus projectos. “Dou apoio à cozinha, sirvo às mesas e ajudo no que for preciso”, conta a responsável, que também se estreia a colaborar durante o evento.
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