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Um dia em Azambuja longe do alcatrão para conhecer a lezíria e o Tejo

Entre o Tejo, a ilha dos cavalos e a lezíria o município tem lugares que são um verdadeiro oásis

Uma visita à coudelaria Henrique Abecasis, um passeio fluvial a bordo de um barco Varino e uma prova de vinhos na Quinta de Vale de Fornos. Longe do alcatrão da Estrada Nacional 3 Azambuja revela-se afinal um interessante destino turístico que privilegia o contacto directo com a natureza. O município de Azambuja organizou no sábado, 2 de Abril, um passeio para mostrar a oferta turística do concelho com o Tejo ali tão perto.

Numa manhã de sábado, com o sol ainda tímido, éguas e poldros comem fardos de palha nos terrenos que conduzem à Quinta do Pilar, em Aveiras de Baixo, onde está a Coudelaria Henrique Abecasis desde 1987. Um grupo de cães vem receber os visitantes, mas a atenção centra-se num pequeno cão da raça conhecida por salsicha. “Se não tem festas gane impiedosamente. Tenham cuidado que é muito carente”, alerta Henrique Abecasis que acaba de chegar de uma viagem. A quinta foi o primeiro ponto de visita do roteiro de uma acção de promoção turística organizada no sábado pelo município de Azambuja (ver caixa).Numa pequena sala cheia de arreios e alguns troféus, o filho Tiago Abecasis, faz as honras da casa. A coudelaria, onde se criam e ensinam cavalos de puro sangue lusitano, começou a apostar no turismo equestre há quatro anos. “Mesmo que não sejam cavaleiros, temos um conjunto de experiências inesquecíveis para as pessoas que querem conhecer a região montadas num cavalo”, explicou. Há diversos programas disponíveis no site da coudelaria (http://www.coudelariahenriqueabecasis.com/) para quem deseja passar um ou mais dias, montado num cavalo, a conhecer o estuário do Tejo, a charneca ribatejana, os terrenos agrícolas ou a Lezíria. O passeio prossegue com uma visita às cavalariças onde o Divertido, o Divagante, o Disponível, o Biscoto ou Vigoroso também reclamam festas. No picadeiro um professor dá aulas de equitação a algumas alunas. Os visitantes também montam nos cavalos, mas a condução revela-se desastrosa. O cão salsicha vem despedir-se com mais latidos, mas é hora de prosseguir viagem em direcção à Quinta Vale de Fornos.No autocarro, Júlio Martins, técnico de turismo da autarquia, desabafa que se não subsistisse o espírito marialva, com cada produtor de vinho fechado na sua quintinha, o vinho do concelho poderia ir ainda mais longe. Datada do século XVIII, a Quinta de Vale de Fornos foi oferecida por Dona Antónia Ferreira, conhecida pela Ferreirinha, à filha que ia casar com o terceiro Conde de Azambuja. O enólogo Hernâni Magalhães conta ainda que nesta propriedade estiveram alojadas as tropas de Napoleão durante as invasões francesas e, pelos seus vinhedos, terá também passado Cristovão Colombo a caminho da casa de D. João II em Vale do Paraíso, para comunicar ao Rei a descoberta do Continente Americano. Para os apreciadores da arquitectura, a Quinta de Vale de Fornos mantém a traça e a cor características das paredes. Nos comandos da propriedade está agora Graciete Monteiro, de 73 anos, que adquiriu a quinta em 1972. Depois de uma visita à adega e das explicações sobre os processos de produção, seguiu-se uma prova de vinhos com torricado a acompanhar. “O torricado é um prato típico da região do Ribatejo. Os trabalhadores levavam pão para uma semana de trabalho na Lezíria e depois preparavam-no com azeite e alho”, explica muito rapidamente uma das funcionárias da quinta, enquanto tira o torricado de um assador. Mesmo à saída da quinta, já depois do almoço, Júlio Martins aponta para um tronco de árvore e conta a história: “Só oito homens é que conseguiam abraçar o pinheirão de Vale de Fornos. Por isso é que se dizia que as mentiras dos homens eram maiores que as de Vale de Fornos”. Na Rota dos MouchõesÀ tarde segue-se a Rota dos Mouchões. Para chegar ao pequeno cais de embarque é preciso andar uns quilómetros por terra batida, no meio da plena Lezíria. No cais do Palácio da Obras Novas estão alguns pescadores de fim-de-semana, a tentar a sorte no rio. Os dois irmãos Emílio Lobo e António Tomás, descendentes de pais avieiros, assumem o comando do barco varino “Vala Real”. A embarcação segue rio acima para mostrar os cenários idílicos do Rio Tejo. Os salgueiros parecem dormir sobre o Tejo para impedir a erosão das margens. O rio, com uma ondulação mínima, vai mostrando de vez em quando um ou outro peixe morto. “A culpa é da poluição que deixa a água do rio da cor das azeitonas”, conta Emílio Lobo, na proa do barco. No espaço de uma hora passam duas pequenas embarcações com dois avieiros, os poucos que restam, Levantam o braço para cumprimentar os dois irmãos. Todos se conhecem por aqui. “Estão a dizer que não apanharam nada”, traduz Emílio Lobo. Há 30 anos apanhavam-se num dia 300 sáveis e agora se apanhar meia dúzia num dia é uma sorte, conta. Uma avioneta vem agraciar o passeio, com algumas proezas perto do barco. Um dos mouchões mais bonitos é o da Casa Branca, onde existem neste momento perto de 80 cavalos. Foram transportados para o mouchão mal nasceram e aí permanecem livremente durante três anos antes de os donos os levarem para serem domados. Outro mouchão digno de atenção é o das garças: pequenos pontos brancos cobrem completamente a ilha do Tejo. Ninguém sabe explicar muito bem porque escolheram aquele mouchão para nidificar. É a terra delas, e isso basta. Depois de uma hora de viagem, chega-se ao destino, Valada, com uma quietude imensa na mente e no corpo. Já diz o avieiro que para descansar do stress da vida, não existe bálsamo melhor. Dos viajantes, todos partilham da mesma sensação. O dia chega ao fim. Ninguém diria que ali, em Azambuja, longe do alcatrão, é possível passar um dia tão perto da natureza. O passeio termina no Hotel Quinta das Pratas, localizado no Cartaxo. Acção de charme para promover oferta turística O passeio organizado pelo Município de Azambuja no último fim de semana, 2 e 3 de Abril, teve como objectivo promover a oferta turística existente do concelho. Na iniciativa, destinada à imprensa e a agentes de viagens, participaram cerca de duas dezenas de profissionais. Trata-se de uma “fam trip” (viagem de familizarização) para profissionais com o objectivo de incrementar o turismo no concelho de Azambuja.Além do passeio de barco na rota dos mouchões o percurso incluiu ainda a visita a algumas adegas e ao ciclo do vinho, em Aveiras de Cima, um baptismo de voo proporcionado pela Quinta do Alqueidão, actividades ao ar livre, worshops de agricultura e cozinha, na Quinta da Serra (Manique do Intendente), golfe rústico e tiro com arco, entre outras, no Parque Rural Tambor (Aveiras de Cima). Na Agro-Batoréu, em Aveiras de Cima, decorreram também provas de vinho conduzidas por enólogos. Foi realizado ainda um percurso pedestre “Terras do Pão”, na freguesia da Maçussa, com passagem no “O Baile”, espaço de produtos locais e ervas aromáticas com destaque para o queijo de cabra “chèvre”.

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