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Monumento das Linhas de Torres (Homenagem ao senhor Coronel Carlos Gomes Bessa)

No alto do monte, chamado pelo povo “alto do boneco”, que domina o local da vila de Alhandra, ergueu-se em 1883 este monumento, de muito reduzido interesse artístico, para comemorar a defesa das célebres Linhas de Torres nas campanhas contra os invasores franceses. A coluna, em mármore branco de Pêro Pinheiro, tem 7,95m de altura, pesa mais de 24 toneladas e está assente sobre pedestal com envasamento. Tem a coroá-la uma estátua de Hércules com 2,5 m de altura, feita por um dos primeiros estatuários da época - Simões de Almeida - que recebeu pelo seu trabalho 1000$000 réis, incluindo a pedra. O general João Manuel Cordeiro defende que o artista ter-se-á inspirado no Hércules Farnésio.O monumento terá, na verdade, muito pouco interesse artístico, é certo. A sua origem, ou inspiração é até conhecida como se pode ler na memória redigida pela Direcção do Serviço Histórico-Militar do Estado-Maior do Exército: “Por iniciativa do Marquês de Sá da Bandeira foi incumbido o Ten. Cor. Joaquim da Costa Cascais de formar o projecto de um padrão para ser levantado próximo de Alhandra comemorando a defesa das afamadas Linhas de Torres Vedras. O projecto do Monumento é aprovado em 28 de Agosto de 1874 e o início dos trabalhos teve lugar em 1875, sendo dados por concluídos em Julho de 1883. Tanto o capitel como a base são da ordem dórica, representando Hércules a força e a coragem dos Exércitos aliados e a coluna, a valorosa resistência oposta aos franceses. No seu conjunto o monumento é simbolizado pela expressão latina “NEC PLUS ULTRA” que, por razões que desconhecemos, deixou de existir na base do mesmo. Em sua substituição figura uma lápide em homenagem ao Tenente Coronel de Engenharia J. Fletcher do Exército inglês a cuja competência e incansável actividade se deve a rápida construção das Linhas de Torres Vedras. No lado oposto figura outra lápide à memória de J. M. Neves Costa, Oficial do Real Corpo de Engenharia a cuja iniciativa e persistentes esforços se devem estudos fundamentais do terreno em que foram levantadas as Linhas de Torres Vedras. Estas homenagens devem-se aos Oficiais da Arma de Engenharia do Exército português em 5-111-1911.”Como elemento representativo da vigência da cultura clássica greco-­latina, até à mitológica, em Portugal, é bastante interessante, e define culturalmente uma época dominada pelo estudo do latim, língua e literatura, como base de toda a instrução sólida. Em 19 de Dezembro de 2002 o Jornal Vale do Tejo noticiava que estava prevista a instalação de um “observatório de paisagem” no monumento, tendo a câmara municipal de Vila Franca de Xira assinado um protocolo com o IPPAR. Nada sei dos resultados desta deliberação que, a concretizar-se seria positiva no aspecto turístico se entretanto for distribuído pelos visitantes um opúsculo explicativo da origem e finalidades do monumento.Mais recentemente, O MIRANTE, em 17.12.2009, dá notícia da intenção de introduzir profundas alterações nas Linhas de Torres, por parte do município de Vila Franca de Xira. Diríamos que é mais um testemunho da cultura clássica, greco-latina, em Portugal, hoje tão descurada.Justino Mendes de Almeida(Professor e Reitor da Universidade Autónoma de Lisboa)

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