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Moita Flores acerta contas com a oposição

Presidente da Câmara de Santarém aproveita assembleia municipal para responder a dirigentes concelhios do PS e da CDU

O autarca leu um texto onde acusou os dirigentes socialistas e comunistas de recorrerem ao “insulto e à falta de respeito” ao presidente da câmara, afirmando-se vítima de “ódio vesgo e mentira vil”.

O presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores (PSD), aproveitou a discussão na assembleia municipal das contas da autarquia referentes a 2010 para responder à letra às críticas feitas nas últimas semanas pelas estruturas concelhias do PS e da CDU. Durante 20 minutos, o autarca leu um texto onde acusou os dirigentes socialistas e comunistas de recorrerem ao “insulto e à falta de respeito” ao presidente da câmara, afirmando-se vítima de “ódio vesgo e mentira vil”.Em causa estão as críticas feitas anteriormente à situação financeira do município, cuja dívida já ultrapassa os 84 milhões de euros. A 10 de Abril, o PS emitiu um comunicado referindo que “acentuou-se em 2010 a prática da gestão horrível da Câmara Municipal de Santarém, praticada pelo executivo do PSD”. E concluía: “O executivo do PSD e o seu líder não podem desculpar-se eternamente com os executivos do PS. Já governam há 6 anos! Só faltava agora chegarmos à conclusão que, afinal, a culpa do aumento da dívida é do Rato Mickey!”.“O sr. Pimenta tem um problema de ressabiamento pessoal”, afirmou Moita Flores, referindo que o dirigente socialista usa o PS para que a sua “vozinha” tenha eco. “Vamos ajustar contas e ver se a culpa é do rato Mickey ou do seu companheiro Pateta”, declarou, alguns minutos antes de ser comparada a situação financeira da Câmara de Santarém em 2005 (no final da última gestão socialista) e 2010 (ver outro texto nesta edição).Já a coordenadora de Santarém da CDU, em conferência de imprensa realizada a 21 de Abril, pediu a Moita Flores que “vá já escrever os seus romances e deixe de escrever a tragédia que está a afundar Santarém”. O que levou Moita Flores a acusar os membros da coligação liderada pelo PCP de o quererem “expulsar” de Santarém “por ser escritor” e de optarem pela “ofensa pessoal e pela mentira”, abandonando a crítica política.Referindo que o “arraial habitual todos os anos” em torno das contas da autarquia “este ano excedeu-se”, Moita Flores dirigiu a sua intervenção a três políticos em particular: o presidente da concelhia do PS Pimenta Braz e os dirigentes da CDU José Marcelino e Francisco Madeira Lopes, a quem tratou por sr. Pimenta, sr. Zé e sr. Lopes, respectivamente.“O sr. Zé e o sr. Lopes ainda sonham com campos de concentração na Sibéria para livres pensadores”, referiu, desafiando a CDU a provar quais são as empresas municipais onde se pagam ordenados principescos aos administradores. “Nas 4 empresas municipais temos 12 administradores e apenas dois são remunerados”, referiu, acrescentando: “O presidente da Câmara de Santarém também não tem assessores, não tem chefe de gabinete, tem apenas um adjunto, tal como o sr. Zé é adjunto do presidente da Câmara de Alpiarça”.CDU nega e PS criticaFrancisco Madeira Lopes, eleito da assembleia municipal pela CDU e o único dos visados presente na sala, respondeu a Moita Flores dizendo que este “conseguiu ser mais insultuoso do que o comunicado da CDU ou do que qualquer outra intervenção da CDU alguma vez feita”. Garantiu não haver qualquer ataque pessoal ao presidente da câmara e que nunca foi sugerida a sua expulsão, tendo apenas sido utilizada uma figura de estilo.Por parte do PS, o líder da bancada na assembleia municipal disse que a intervenção de Moita Flores não devia ter sido feita naquele plenário. “Tem outros espaços onde pode defender a sua honra, inclusivamente os tribunais”, afirmou Carlos Nestal classificando o episódio como “dos momentos mais tristes” daquela assembleia. Idália Moniz reforçou a intervenção do seu camarada de partido acrescentando que não se revê nessa forma de fazer política, confessando que ficou “profundamente incomodada” com o que ouviu.Chumbada proposta para plano de saneamento financeiro na Câmara de SantarémA Assembleia Municipal de Santarém rejeitou por esmagadora maioria uma proposta de recomendação da CDU a defender que a câmara municipal adoptasse “de imediato” um Plano de Saneamento Financeiro. Uma medida sugerida pela coligação face à “grave situação financeira a que chegou a Câmara Municipal de Santarém, com uma dívida total superior a 84 milhões de euros, dos quais 41,7 milhões são dívida de curto prazo a fornecedores, juntas de freguesias e associações culturais e desportivas”.A CDU alega que a Câmara de Santarém “se encontra em situação de desequilíbrio financeiro conjuntural” apontando como indicador disso a existência de dívidas a fornecedores de montante superior a 40 por cento das receitas totais do ano anterior e prazos médios de pagamento superior a 6 meses”.A argumentação da CDU não colheu junto da bancada da maioria PSD, com Rui Presúncia a dizer que confia na capacidade da autarquia em dar a volta à situação e a ironizar fazendo uma analogia com o pedido de resgate do Governo ao FMI, tão criticado pela CDU: “Isto mais parece um pedido de ajuda externa para o concelho. Parece que a CDU está com as ideias um pouco ‘troikadas’”. O PS optou pela abstenção, com Carlos Nestal a reconhecer que a situação financeira da autarquia é difícil mas que propostas desse género devem ser mais concretas e conter também um plano de saneamento. O que levou Francisco Madeira Lopes, da CDU, a responder que esse plano só o executivo camarário tem capacidade para elaborar.A CDU apenas obteve o apoio do único eleito do Bloco de Esquerda, José Filipe, que também acha “necessário fazer alguma coisa” em termos de saneamento financeiro e de plano de pagamento a fornecedores.O presidente da Câmara de Santarém classificou a proposta da CDU como “foguetório”, mas admitiu que os tempos que se vivem são difíceis e incertos. “Aqui ninguém sabe se para a semana temos de pedir o saneamento financeiro, mas não vamos pôr o carro à frente dos bois”, declarou Moita Flores.

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