uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Queixa-crime “caricata” contra autarca da Golegã protagonizada por Veiga Maltez

Em causa estão críticas ao discurso que o presidente da câmara fez no dia 25 de Abril

O autarca criticou algumas ausências da sessão solene do 25 de Abril e a eleita Vera Moreira perguntou se Veiga Maltez também colocava nesse rol dois vereadores do PS e o presidente da assembleia municipal, que não compareceram a essa cerimónia. A resposta foi uma queixa-crime contra a autarca do Grupo de Independentes da Golegã e Azinhaga.

A polémica surgiu no dia 29 de Abril durante a sessão da Assembleia Municipal da Golegã. Na altura a eleita Vera Moreira, da bancada do GIGA – Grupo de Independentes da Golegã e Azinhaga, criticou de forma veemente o discurso feito dias antes pelo presidente da câmara, Veiga Maltez (PS), na assembleia comemorativa do 25 de Abril. O autarca não gostou da forma nem do conteúdo das críticas da eleita e resolveu apresentar uma queixa-crime no Ministério Público, “por se sentir ofendido na sua honra e consideração”.A discussão dessa situação na sessão do dia 29 prolongou-se por mais tempo do que o previsto e um problema técnico impediu na altura a transmissão da gravação do discurso do presidente no 25 de Abril. Depois de discutidos os primeiros pontos da ordem de trabalhos foi decidido interromper a reunião, que prosseguiu no dia 2 de Maio. E já com o problema técnico resolvido e com uma televisão montada no salão da assembleia, foi ouvido o discurso feito por Veiga Maltez que originou a controvérsia.A determinada altura Veiga Maltez diz: “portanto deixo essa maledicência e deixo esse derrotismo para que todos aqueles, esses e outros a nível nacional, regional e local possam alimentar os seus discursos, na maioria cínicos e hipócritas, plenos de insultos pessoais e ataques injuriosos. Não só a eles, que não têm sentido de Estado, reparem o que se passou hoje (dia 25 de Abril) aqui, não há sentido de Estado pelas ausências, pelos tais rostos do povo que estão no café a espalhar cartas, a baralhar cartas, se calhar contra mim, contra os que estão aqui a lutar pelos interesses da Golegã, mas é lá que eles devem continuar, nos cafés, porque há determinados níveis e graus que só aos cafés pertencem, não pertencem a outras salas”.Perante o teor do discurso, a eleita Vera Monteiro questionou Veiga Maltez se os dois vereadores e o presidente da assembleia eleitos pelo PS que faltaram a essa sessão do 25 de Abril também estavam abrangidos pelas críticas do presidente. “Porque o senhor presidente da câmara relacionou que as pessoas que ficam em casa, que estão nos cafés a jogar cartas são uns medíocres, uns mentirosos, porque deviam estar aqui a assistir e não estão. Será que o senhor também englobou a sua elite política na secção dos medíocres? Como goleganense não gostei disso”:Quem também não gostou foi Veiga Maltez, que se levantou dizendo que a eleita estava a faltar à verdade e que ia buscar o discurso. A discussão azedou com Vera Moreira a acusar o presidente de falta de respeito. O presidente da assembleia interrompeu a discussão garantindo que logo que o problema técnico estivesse resolvido seria reproduzida a gravação de voz do discurso do presidente.Situação que aconteceu na sessão de 2 de Maio, onde foi apresentado um documento do Gabinete de Apoio à Presidência da Câmara da Golegã que considera as críticas de Vera Monteiro falsas, inverdadeiras e ofensivas da honra e consideração do presidente. “Críticas que o atingiram na sua estrutura pessoal, extravasando todo o conteúdo do direito à liberdade de expressão característico das discussões políticas”, enfatizava. E acrescentava que “considerando que os factos em causa deverão encarar-se graves e difamatórios e tendo ocorrido na assembleia municipal, informam-se, desde já, os membros deste órgão que será iniciado o respectivo procedimento criminal, contra a autora dos mesmos e que na queixa a apresentar indicar-se-ão como testemunhas presenciais todos os deputados municipais presentes”. Segundo o vice-presidente da câmara, Rui Medinas (PS), a queixa crime vai ser apresentada a nível pessoal pelo presidente Veiga Maltez. O restante executivo apenas poderá ser arrolado como testemunha. No final da sessão, Vera Monteiro era uma mulher descontraída e despreocupada, “Não tenho receio das ameaças do presidente. Sou goleganense e sei bem o que disse e a que me referia na assembleia, vou aguardar com serenidade a chamada a tribunal”, afirmou.ComentárioUma queixa-crime ou um acto de cobardia?O leitor não estranhe a publicação desta notícia aparentemente sem uma boa história por trás. Com mais tempo, e num país do faz de conta, esta notícia devia ter sido escrita em jeito de caricatura. Mas quem a escreveu e editou resolveu tratá-la como um assunto sério. Porque de verdade o assunto não é para brincadeiras. Veiga Maltez sabe a importância que tem e o poder que representa e esta queixa-crime visa amedrontar e calar as poucas vozes da Golegã que ainda têm coragem de falar com ele de costas direitas e olhos nos olhos. Por sua vontade, a crer que esta queixa crime vá em frente, todos lhe deveriam beijar os pés. Mesmo naquelas alturas em que eventualmente bebe um copo a mais, não está no exercício da actividade política mas a gente não pode deixar de o ver sempre como o senhor doutor ilustríssimo e digníssimo e excelentíssimo Veiga Maltez lavrador e actualmente presidente da Câmara da Golegã.JAE

Mais Notícias

    A carregar...