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Cáustico Manuel Serra d’Aire

Em primeiro lugar quero manifestar a minha solidariedade com o presidente da Câmara de Golegã, que provavelmente com grande sacrifício da sua vida privada esteve a discursar na cerimónia do 25 de Abril naquele concelho enquanto o povão optou por se marimbar para a sessão e preferiu actividades mais ociosas, como dar à língua ou jogar às cartas no café. Não se faz! À mesma hora em que Veiga Maltez exaltava com toda a sua pujança a democracia e os direitos que ela consagrou, como a liberdade de expressão e de reunião, essa cambada preferia enfiar umas minis e uns tremoços no bucho e cortar na casaca sabe-se lá de quem e com que intenções. Que falta de decoro e que evidente mau gosto denotaram esses ingratos, para mais sabendo-se como são pedagógicos e encorajadores os discursos dos nossos políticos. É por estas e por outras que a nossa democracia anda pelas ruas da amargura e até já o Otelo suspira pelo Salazar. Ao médico Veiga Maltez resta-lhe enfiar a viola no saco e voltar para os seus doentes e cavalos, porque está visto que o povo da terra não merece o esforço que lhe devota. Pelo que li, uma médica e uma enfermeira do Centro de Saúde de Almeirim recusaram assistir uma criança que tinha uma carraça agarrada à cabeça porque têm medo desse famigerado parasita. Eu também não gosto de parasitas, confesso, mas as carraças até nem são dos piores que por aí andam. Assim de repente lembro-me de uma série de outros parasitas que me causam suores frios e náuseas e que estão alapados em grandes empresas públicas e privadas depois de passagens pela política.Em relação ao caso de Almeirim, é mais uma prova de que estamos sempre a aprender e que ainda há muito com que nos surpreender. A continuarmos assim, um dia destes havemos de ouvir falar de um cirurgião que não consegue ver sangue, de algum piloto de aviões com medo das alturas, de um cangalheiro com medo de mortos ou de um primeiro-ministro que sabe governar.Parece que vamos ter eleições e os partidos já andaram para aí a apresentar os candidatos que nos querem impingir para a Assembleia da República. Realço o facto do PS ter escolhido o ministro da Agricultura para cabeça de lista por Santarém. O homem até é alentejano, mas para lidar com tanto nabo que para aí anda na política, no seu partido e não só, parece-me a pessoa ideal. E por falar em nabos, a Câmara de Santarém aderiu à moda das hortas sociais e arranjou um terreno no antigo quartel da Cavalaria para meia dúzia de famílias plantarem tomates, espinafres, couves e afins. A sessão de apresentação foi um retrato fiel do nosso Portugal: dois homens a cavar e vinte pessoas a assistir. O estranho da coisa é que não houve um político que fosse que tivesse a tentação de se agarrar à enxada para a fotografia. Pelos vistos o populismo tem limites. E, além disso, tal como há médicos com aversão a carraças, também há muita boa gente com alergia a enxadas.Saudações agrícolas do Serafim das Neves

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