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Os cemitérios são para os vivos

Solicito algum espaço na secção O MIRANTE dos leitores para manifestar a minha discordância em relação a algumas inovações introduzidas em regulamentos de cemitérios, nomeadamente aquelas que impõe regras muito restritivas à estatuária e outras formas de as famílias e amigos homenagearem os seus mortos. Para além de considerar que os municípios não devem interferir, para além do razoável, nas convicções religiosas e pessoais dos cidadãos impondo uma abusiva padronização das manifestações de dor de cada um, considero que se está a perder um espaço de manifestação artística. A arte da estatuária não pode ser limitada por regras. Os cemitérios não são apenas lugares onde repousam os mortos. São espaços de manifestação de sentimentos e este aspecto não está a ser devidamente considerado pelos técnicos e autarcas. Padronizar é limitar. Eu apelo a que esse tipo de grilhetas seja banido dos regulamentos. Não somos iguais em vida e não podemos ser iguais na morte. Para além disso a melhor maneira de manter viva a memória de quem já morreu não é a campa rasa e quase anónima, o cemitério que se confunde com um campo de futebol relvado ou uma série de lápides de idênticas dimensões onde as famílias têm que se orientar por números e letras que indicam filas e números de campas. Não é por acaso que há quem goste de visitar cemitérios e que alguns sejam mesmo locais turísticos. Há mesmo uma rota dos cemitérios do Conselho Europeu. Uma visita aos cemitérios municipais do Porto permite ver um importante repositório de peças de arquitectura e escultura oitocentista, que constituem um manancial inesgotável de história socioeconómica e cultural.  Em 2010, o cemitério dos Prazeres, em Lisboa, recebeu a visita de 8704 turistas e a câmara municipal de Lisboa criou até um núcleo museológico específico.Edgar Marques Durão

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