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Respiração oral e alergias. Qual a sua influência no crescimento e desenvolvimento crâneo-facial?

Opinião

Patrícia Marcão

Ao longo dos anos, vários estudos têm sido efectuados relativamente à função nasorespiratória e é sabido que esta tem uma enorme influência no que diz respeito ao crescimento e desenvolvimento não só crâneo-facial mas também dentário. A medicina, principalmente na área da otorrinolaringologia, sempre estudou o problema da respiração oral. Mais recentemente, outras áreas como a medicina dentária, a terapia da fala e a fisioterapia também se interessaram e estudaram este problema sob ópticas diversas. Qual seria a razão deste assunto estar a ser tão amplamente estudado, discutido e atendido por profissionais de áreas diferentes? A maioria das pessoas não sabe a dimensão das consequências que a respiração oral pode causar e geralmente só procura ajuda quando já é difícil reverter totalmente as alterações directamente ligadas ao problema respiratório inicial .A simples mudança de hábito, isto é, parar de respirar pelo nariz e começar a respirar pela boca (respiração oral) ou pelo nariz e boca ao mesmo tempo (respiração oronasal), provoca algumas alterações. A nível da cavidade oral podemos encontrar uma arcada dentária maxilar pouco desenvolvida, incisivos superiores muito inclinados, palato (vulgo céu da boca ) profundo e pouco desenvolvido, mordida aberta anterior, cruzada unilateral ou bilateral, língua mal posicionada durante a deglutição e fala.Quanto às características faciais clássicas encontradas no respirador oral podemos destacar: lábios descaídos, lábio superior curto, face estreita e alongada, olheiras, narinas estreitas, extensão do pescoço (que poderá ter complicações posturais),musculatura facial pouco desenvolvida e assimetrias faciais.Estes doentes também apresentam dificuldade de concentração e aprendizagem, cansaço rápido nas actividades físicas, falta de ar e sonolência.Pela diversidade da problemática encontrada, poderá ser necessária a intervenção de mais de um especialista. O otorrinolaringologista irá diagnosticar a causa e prescrever o melhor tratamento naquele momento; o ortodontista fará as correções dentárias necessárias seja interceptando ou corrigindo a má- oclusão ou redirecionando o crescimento craneo-facial. O fisioterapeuta actuará sobre as alterações de postura e o terapeuta da fala reeducará as funções alteradas assim como irá garantir, através de treino e conscialização, o uso e a importância da respiração nasal. É fundamental que todos os que trabalham com este tipo de pacientes, conheçam o que cada profissional das outras áreas, pode fazer pelos respiradores orais, assim como devem conhecer os seus próprios limites. O tratamento multidisciplinar tem levado a menores hipóteses de recidivas, principalmente a nível ortodontico. No entanto, é importante ressalvar que nem todos os pacientes terão todas as alterações nem todos obrigatoriamente necessitarão de atendimento multidisciplinar. Um diagnóstico correcto e a noção do que cada um de nós pode fazer pelo caso, ditará se deveremos ou não fazer o encaminhamento para outro profissional e em que timings isto deverá ocorrer. Quem mais tem beneficiado com a sistematização de toda a problemática envolvida neste quadro, e com os resultados dos trabalhos conjuntos, têm sido os pacientes que, ao serem atendidos por profissionais melhor preparados, podem ter consciência dos danos ocasionados pela respiração oral e tratá-la precocemente.

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