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Mário Calado

Mário Calado

Presidente do Ateneu Artístico Vilafranquense, 55 anos, Vila Franca de Xira

O presidente do Ateneu Artístico Vilafranquense, Mário Calado, 55 anos, é um homem sensível que se emociona facilmente. Conversador nato, a cada passo que dá nas ruas de Vila Franca de Xira vai cumprimentando amigos. O seu percurso de vida é inseparável do Ateneu, onde cresceu com os irmãos. Sempre que pode dá uma escapadela à casa que tem em Vale da Pinta, concelho do Cartaxo, para se deliciar com a agricultura e o chilrear dos pássaros.

Percebi cedo que era filho de pais pobres. Tinha 14 anos quando decidi ir trabalhar, continuando a estudar à noite. Fui serralheiro numa empresa de metalomecânica. Não ignorava as dificuldades por que passavam os meus pais e queria ajudar. Depois surgiu aos 21 anos a oportunidade de ir trabalhar para a EDP onde me mantenho até hoje. Trabalho na central termoeléctrica do Carregado. Em criança brinquei muito com crianças órfãs. O meu pai alugou um barracão onde actualmente funciona o CBEI para trabalhar como forjador e serralheiro. Era na casa das aparas que me entretinha a brincar com muitas crianças órfãs que eram utentes de uma instituição próxima. Sempre fiz amigos com facilidade, sou um conversador nato, calmo e sociável. Também tenho uma memória visual muito boa e se passo por alguém na rua que já não vejo há 30 anos acabo por reconhecer sempre. Os meus amigos iam para a escola industrial onde eu estava a estudar, e começavam a gritar “Mário Calado anda para o ensaio”. Tinha 16 anos quando comecei a cantar em grupos de baile. Passei por vários grupos de música aqui de Vila Franca. Cheguei a ser o vocalista da Orquestra do Ribatejo, que era à base de bandolins. Venci o 2º Festival da Canção de Samora Correia aos 18 anos. Neste momento canto nos coros da Associação de Bem Estar Infantil (ABEI) e no ateneu. O fado entrou na minha vida aos 11 anos. Um dos primeiros fados que cantei foi a “Mentira Sagrada”, uma letra trágica que deixava as pessoas a chorar. Nunca deixei de cantar fado ao longo dos anos mas depois de entrar na EDP abrandei bastante porque não queria comprometer em nada a minha carreira profissional. Gosto muito de cantar fado ribatejano porque tem mais vivacidade, é mais alegre, com andamento. Mas também gosto do fado mais sentimental. É em Vale da Pinta que vou salvando cobras, milhafres ou coelhos que ficam presos nas redes. Quando não estou em Vila Franca de Xira, estou na casa que construí no Vale da Pinta, concelho do Cartaxo. Vivi nesta terra entre os 7 e os 9 anos. É aqui que me dedico à agricultura. Tenho muitas árvores de fruto e oliveiras, semeei batatas, melões, melancias e plantei uns tomateiros. Nada me dá mais prazer do que estar em Vale da Pinta a ouvir os passarinhos. Esqueço-me de tudo e vou vivendo algumas aventuras com os animais que aparecem no meu quintal. É o local de eleição da minha vida neste momento.O ateneu faz parte de mim. Quando regressei de Vale da Pinta fui morar para uma casa que estava mesmo em frente da antiga sede do Ateneu. Éramos quatro irmãos e tocávamos na banda. Durante a semana, depois das 17h30 encontram-me quase sempre no ateneu. Vou a casa jantar e regresso novamente. Estive oito anos na direcção e agora acabei por regressar novamente. O mandato termina em Março de 2012. Não penso recandidatar-me, gostava que viesse alguém jovem para liderar a colectividade. Por 112 votos não fui eleito presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira. Fui autarca durante 12 anos, com mandatos na assembleia de freguesia e na junta. Fui cabeça de lista pela CDU em 1997, mas não ganhei as eleições por 112 votos. Tive pena mas foi um bom período da minha vida. Neste momento não estou virado para a política porque custar-me-ia abdicar das coisas que me dão um prazer absoluto. Há 15 anos fui de barco à vela a Espanha. Meti-me num barco à vela com um pai e um filho que tinham uma relação muito complicada. No percurso para lá tive de me meter para evitar uma zaragata mas no regresso correu tudo bem. Fiquei todo queimado porque não levei cremes. Não tenho tempo para praticar desporto, mas sempre tive predilecção pelo barco à vela ou pelo ténis de mesa. O meu lema de vida é ajudar os outros, torná-los felizes para que eu também seja feliz. Gosto muito de ajudar o próximo e de ser útil à sociedade. Só podemos ser completamente felizes se os que estão ao nosso lado também estiverem bem O mal-estar das pessoas incomoda-me.Eduarda Sousa
Mário Calado

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