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Preferiu ser primeiro ajuda porque não tinha estilo para pegar de caras

Preferiu ser primeiro ajuda porque não tinha estilo para pegar de caras

Antigo forcado António Lapa vai ser homenageado nas festas de Salvaterra de Magos

O forcado sempre preferiu ser primeiro ajuda porque para se ser forcado da cara é necessário ter estilo e saber citar o toiro ao mesmo tempo que se consegue captar a atenção do público. E o estilo não era o seu forte.

António Lapa tinha 16 anos quando pegou o primeiro toiro numa arena. O jovem natural de Salvaterra de Magos fardou pela primeira vez pelo Grupo de Forcados Amadores da vila mas nunca lhe passou pela cabeça entrar numa pega. Quando se apercebeu já o cabo o tinha chamado e estava como primeiro ajuda. Esse dia foi inesquecível para António Lapa, 58 anos, que a 11 de Junho vai ser homenageado durante as Festas do Foral, do Toiro e do Fandango, em Salvaterra de Magos, por uma vida dedicada ao mundo da forcadagem.Outra experiência emocionante que o profissional da construção civil recorda foi durante uma corrida em França. Elemento do Grupo de Amadores de Lisboa, António Lapa nem sequer teve tempo de se preparar para a pega. Mal entrou na arena o toiro investiu contra si e o forcado só teve tempo de se baixar. O animal conseguiu subir para as bancadas tendo colhido algumas pessoas. Já de volta à arena o forcado faz a pega mas sai mal tratado do encontro com o toiro que o mandou contra as tábuas da praça. “Fiquei afectado da coluna e ainda hoje sinto dores”, revela.António Lapa fez a sua carreira como primeiro ajuda embora tenha pegado alguns toiros de caras. Não consegue contabilizar o número exacto de toiros pegados mas garante que foram mais de uma centena. Começou no grupo de Salvaterra, onde esteve cerca de dois anos, tendo passado para o grupo de Coruche onde esteve o mesmo tempo. Mais tarde chegou ao grupo de Amadores de Lisboa. A 10 de Junho de 1979 integra o Grupo Amadores Lusitanos que faz a primeira corrida nessa dia em Caracas, Venezuela. Deixou as corridas oficialmente em 1999 mas confessa que há dois anos ainda pegou um toiro numas festas em Tomar. “Se surgirem convites de amigos e eu sentir que ainda estou fisicamente capaz aceito. É um bichinho que fica sempre connosco”, explica.Filho de forcado, António Lapa cresceu rodeado de toiros e com a cor e o brilho da festa brava. Acompanhava sempre o pai às festas e feiras e acredita que foi isso que o levou ao mundo da forcadagem. António Lapa confessa que ser forcado era também uma forma de ser “bem visto” entre as raparigas. “Elas achavam que os forcados eram muito valentes”, afirma com um sorriso.O forcado garante que sempre preferiu apostar em ser primeiro ajuda porque, na sua opinião, para se ser forcado da cara é necessário ter estilo e saber citar o toiro ao mesmo tempo que se consegue captar a atenção do público. “Eu não tinha muito estilo para citar o toiro”, confessa humildemente.A sua última corrida oficial foi pelo Grupo de Forcados do Ribatejo durante uma actuação nos Açores. António Lapa sofreu uma colhida grave onde partiu o joelho e a rótula tendo decidido terminar a sua carreira nessa dia. Em 1991 foi cabo do grupo de Salvaterra de Magos e conta que nunca contava aos jovens como é que o toiro ia reagir. “Se explicasse a reacção do toiro nas pegas eles ficavam com medo, iam para dentro da praça com receio e as pegas não saiam bem”, sublinha.O antigo forcado não estava à espera da homenagem da sua terra durante as festas de Salvaterra de Magos mas é com orgulho que vai estar presente no dia 11 de Junho para receber a distinção por uma vida dedicada aos toiros.
Preferiu ser primeiro ajuda porque não tinha estilo para pegar de caras

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