Um modelo de gestão que “não tem futuro”, secções desportivas com demasiada autonomia e rivalidades internas são alguns dos motivos que levam o actual presidente da direcção do Alhandra Sporting Clube (ASC), Vítor Silva, a pedir a demissão do cargo.O dirigente diz-se “desgastado” com o actual momento do clube que, garante, tem as contas em dia e uma situação estável face ao actual contexto de crise. A existência de quatro secções (piscina, náutica, futebol e triatlo) demasiado autónomas e com pouca vontade de se ajudarem umas às outras deixa Vítor Silva sem vontade de continuar a liderar o clube do concelho de Vila Franca de Xira. O ASC movimenta actualmente perto de 800 atletas.“Estou pouco motivado para continuar porque algo tem que mudar. O ASC precisa de ter uma única contabilidade e uma centralidade que hoje em dia não tem. O modelo económico do clube vive com quatro secções em que cada uma vive com receitas próprias. Este modelo de gestão está ultrapassado. A direcção neste momento não dirige nada, é esse o problema. Tem o controlo das contas mas não faz mais nada do que isso”, lamenta a O MIRANTE.O dirigente diz-se “desgastado” e “desmotivado” para continuar a liderar o clube e apela a reformas. “O ASC tem de ser visto em conjunto. As dificuldades que o clube possa sentir não são apenas de uma ou outra secção. A piscina, por exemplo, tem sido uma grande preocupação porque já tem oito anos, os equipamentos estão a mostrar desgaste e basta haver uma avaria para complicar todas as contas”, adverte.Segundo Vítor Silva “ou se altera o modelo de gestão ou cada secção torna-se independente e forma um novo clube” porque, no cenário actual, não há forma da contabilidade aguentar.“Eu pensava que ia sensibilizar os responsáveis para que pudéssemos criar algumas regras mas não consegui. Isto está de tal forma viciado que não há hipótese. Podia criar-se uma presidência rotativa mas não sei se isso será suficiente para unir as secções. Não há ajuda nenhuma, não há soluções, elas não se defendem entre si. Não é uma guerra interna mas como sabe o espírito associativo anda muito desaparecido das pessoas”, lamenta. O dirigente garante que não quer retirar autonomia na gestão desportiva das secções mas defende uma centralização das receitas porque, sem essa medida o ASC “não terá futuro”.“As pessoas que estão à frente do clube são gente idónea e capaz mas foram criadas autonomias exageradas que agora é difícil mudar. Se o ASC não alterar o seu modelo de gestão não terá futuro. Isso deixa-me alguma pena. Ou algumas secções se autonomizam completamente e ficam clubes independentes ou acabam”, remata. Após uma reunião com os corpos gerentes seguir-se-á uma assembleia geral para legitimar o novo presidente do Alhandra Sporting Clube.