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Acutilante Manuel Serra d’Aire

É lavado em lágrimas que te escrevo esta humilde missiva. Acabo de saber que o PS perdeu as eleições e que, consequentemente, vai deixar o Governo. O que, se por um lado nos livra do Sócrates, por outro afasta dos corredores do poder o impagável Rui Barreiro, excelentíssimo secretário de Estado das Florestas que entre as muitas ideias peregrinas reactivou a licença da caça ao melro.Quem toma uma decisão desse alcance não merece sair do Governo. E o melhor sintoma de que essa sábia medida foi acertada está no facto de Rui Barreiro ter sido desancado quase por unanimidade por todos os agentes ligados à fileira (como agora se diz) cinegética. Ninguém teve a clarividência de alcançar que esta era uma forma de combate à fome. E para muita gente mais vale um melro na mão que dois frangos a voar. Provavelmente a seguir viriam outras decisões nessa linha, como a autorização da caça aos pombos que enxameiam as nossas praças e jardins, às gaivotas e às andorinhas. Tudo carne rica em calorias e que ainda por cima não faz mal ao colesterol. Não sei se acompanhaste a polémica acerca da visita do ministro da Agricultura e candidato do PS à inauguração da Feira da Agricultura. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) aconselhou António Serrano a não comparecer (o que ele acatou) por sábado ser o dia de reflexão. Mas reflexão de quê, por quem e para quê? Pelos vistos ainda há quem acredite que os portugueses percam tempo na véspera de eleições a gastar neurónios com a política e possam ser influenciados pela presença de um ministro numa feira. Esses elementos da CNE são uns castiços...Já que estamos com a mão na massa, que pensas tu iluminado Manel da crise do pepino espanhol? Eu acho que depois da crise relacionada com a falta de tomates (em contraste com as mãos largas) dos governantes lusitanos durante décadas a fio, é uma ironia do destino a tragédia que se abateu sobre os pepinos espanhóis. Enfim, temos a salada ibérica completa. Com o que vamos acompanhar a sardinha assada? - esta é a dúvida existencial que me amargura neste momento em que os santos populares se avizinham.Salazar, musa inspiradora de alguns políticos actuais, pelo menos no que toca à fleuma com que encaram os críticos, continua a dar que falar. N’O MIRANTE li que há um palácio do Sobralinho que tem um quarto secreto onde Salazar dormia de vez em quando. Tendo em conta a recente fama de garanhão do famigerado santacombadense, esperava que a reportagem revelasse pormenores escabrosos do alegado ninho de amor onde o ditador desopilaria das agruras da governação em ousadas manobras de alcova. Mas nada. Nem algemas e chicotes de cabedal, nem colchões de água, nem espelhos no tecto, nem cassetes porno (até o bárbaro Bin Laden as tinha!) nem preservativos com sabor a morango. O mito desfez-se. Salazar, pelos vistos, era um homem casto e ia para o Sobralinho só para dormir. Aliás, devia ser por isso que pedia que apagassem as luzes da vila quando chegava. Para que a claridade não lhe perturbasse o sono.Com um salamaleque me despeçoSerafim das Neves

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