Na terra pode estar a resposta para a crise
Sector pode absorver a mão de obra desempregada e ajudar a aumentar exportações
O sector agrícola pode “ajudar o país a sair da crise” se houver uma aposta no crescimento da produção nacional e se as novas gerações abraçarem uma profissão que se tornou mal amada. “Há muita necessidade de mão de obra nesta actividade. Se as pessoas quiserem têm imensas oportunidades. É uma das actividades que vai poder ajudar o país a sair da crise”, disse João Coimbra, agricultor, à agência Lusa.Com produção numa área que não necessita de grandes quantidades de mão de obra _ cerca de 350 hectares, na esmagadora maioria milho, mas também floresta, que empregam oito pessoas a tempo inteiro _ João Coimbra assegura que “se as pessoas quiserem dedicar-se a esta actividade têm imensas oportunidades”.No seu entender, este sector pode absorver a mão de obra desempregada, sublinhando que as condições de trabalho actuais no campo são incomparavelmente melhores que as que criaram um estigma em volta do trabalho agrícola.Para João Coimbra, é essencial que se atinja o objectivo da “auto suficiência em valor”, isto é que a produção nacional cubra o consumo e se compensem os produtos que forçosamente o país tem que importar, por não ter condições para os produzir, exportando outros em que possamos ser excedentários.“Por exemplo, no milho temos muito caminho a fazer. Temos uma região enorme no Sul de Portugal, com o grande investimento que se fez no Alqueva, onde há terrenos e água disponível”, disse.A sua esperança é que “haja novos agricultores, novas gerações” a apostarem no sector, sendo esse porventura “um dos maiores desafios que temos pela frente, o da renovação e da vinda de novos empresários, com mais formação e com vontade de ter uma profissão digna e com um rendimento que faça com que haja mais atracção por esta actividade”.A sua empresa não se esgota na produção de milho. Possui uma área florestal _ montado, eucalipto e pinheiro _ virada para a indústria e a exportação (cortiça, pasta de papel, madeira), uma actividade “bastante interessante” e também ela a precisar de mais gente a investir, disse. “Fala-se muito no apoio às empresas exportadoras, na internacionalização das empresas, mas esquece-se a agricultura, em que tudo o que conseguir produzir é valor que não se importa”, disse.Também Libério Alcobio, que produz no modo biológico, aponta o sector como um potencial a explorar. Na área em que apostou a procura é crescente _ o que produz não chega para as encomendas -, sobretudo de nichos de mercado no estrangeiro, que procuram produtos de altíssima qualidade.“Nós, como país pequeno, com o clima e os solos que temos, só tínhamos que produzir essa qualidade que éramos auto-suficientes. Devia haver uma aposta muito grande do Ministério da Agricultura”, disse à Lusa.
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