Não fui votar mas isso não significa que não tenha ideias e opiniões
Fui um dos milhões de eleitores que não foi votar. Não me orgulho da decisão mas não me envergonho dela. Pensei ir votar em branco porque nenhum dos partidos políticos apresentava propostas que fossem do meu agrado. Nem propostas nem candidatos. Acabei por me abster porque considero que as abstenções têm mais visibilidade que os votos em branco e eu quero que a minha posição faça pensar quem se interessa pela necessidade de alterar o actual sistema eleitoral. Os actuais políticos não irão fazê-lo. Estão no poder há anos e anos, já prometeram fazer alterações mas nunca cumpriram porque lhes dá jeito continuar tudo na mesma. Nunca deixei de votar nas eleições autárquicas. Conheço os candidatos e as suas ideias. Acompanho de perto o que se passa. Quando voto estou a votar em consciência. Nas Europeias e na Presidenciais nem sempre voto, confesso. Resumindo. Quanto mais afastados estão os centros de decisão e os políticos, mais dificuldade tenho em votar. Gostava de eleger representantes do meu círculo eleitoral para representarem efectivamente a minha região na Assembleia da República, coisa que o actual sistema eleitoral não permite. Os deputados que elegemos passam a representar todas as regiões. São deputados da Nação, como se diz. Alguns até podem dar alguma atenção aos problemas do círculo eleitoral por onde concorreram mas nada os obriga a isso. Mais, se optarem por tentar ser unicamente representantes dos eleitores que os elegeram arriscam-se a ir contra decisões dos seus próprios partidos. Nas primeiras eleições a taxa de abstenção foi de pouco mais de 16 por cento, se não estou em erro. À medida que os eleitores foram percebendo como funcionava o sistema foram deixando de votar. Agora a abstenção é superior a 40 por cento. A democracia não perde porque um cidadão que não vota não deixa de manifestar uma posição política mas era preferível alterar o sistema eleitoral para que houvesse mais verdade nos resultados eleitorais. Esta é a minha opinião e das minhas ideias e opiniões eu não desisto mesmo que alguns iluminados insistam em afirmar que quem não vota não é bom cidadão. João Miguel Aires de Avelar
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