Silêncio, decepção e assunção de uma derrota pesada são palavras que assentam bem face ao ambiente que se vivia na sede do Bloco de Esquerda, em Santarém, pouco depois das 22h00 da noite eleitoral de domingo. José Gusmão, no meio de cerca de 20 militantes, acabara de saber que não é reeleito deputado para novo mandado na Assembleia da República. Há dois anos o ambiente era de grande festa. A crueza dos números diz bem do trambolhão que o BE deu no país, com o distrito a seguir essa linha. O BE amealhou 13.747 votos, menos de metade dos 29.379 conseguidos em 2009, o que representou na altura 11,91 por cento, elevando os bloquistas a terceira força política da região. Desta feita, o BE quedou-se por magros 5,79 por cento. Na análise dos resultados, José Gusmão admite que votos da esquerda possam ter transitado para os partidos da direita. “O essencial a dizer é que a mensagem que o Bloco quis transmitir, de que a intervenção do FMI vai agravar os problemas do nosso país e de que há alternativas, não foi passada. Por outro lado, a direita consegue construir uma imagem de alternativa, apesar de ter o mesmo programa que o PS e vamos vê-lo nos próximos anos. Vamos assumir esta derrota, reflectir sobre os sinais que os eleitores nos deram e melhorar a nossa intervenção política ao longo dos próximos anos”, referiu José Gusmão a O MIRANTE.O até agora deputado do BE eleito pelo distrito de Santarém diz que se pode orgulhar do trabalho feito durante dois anos e considera ter sido um privilégio ser deputado pela região. Na sala onde estavam elementos como Pedro Malaca, Francisco Colaço, Fernando Poeiras ou Carlos Marecos, entre outros militantes, comentava-se os resultados e os comentadores da televisão, entre alguns comes e bebes. Sobre o seu futuro político, José Gusmão revela que irá continuar a intervir como militante do BE, com responsabilidades na direcção do partido. “É uma noite triste mas todos os militantes estão empenhados em continuar a luta política do BE, que começa já amanhã”, acrescentou.Para o coordenador distrital do BE, António Gomes, as pessoas vão ver a sua vida agravada com a viragem do distrito e do país à direita. “O José Gusmão foi, em várias matérias, a voz de quem não tem voz nesta região. Não lhe faltou visibilidade. O que eu pergunto é o que é que deputados do PSD, como Pacheco Pereira, fizeram pelo distrito e pelas populações?”, questionou o coordenador distrital do partido.