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Discernente Serafim das Neves

Discernente Serafim das Neves

Compreendo a tristeza que sentiste ao saber que Rui Barreiro, o homem que autorizou a caça ao melro, ia deixar de ser secretário de Estado das florestas devido à derrocada eleitoral do PS. Mas acho que choraste cedo demais. Até à tomada de posse do novo governo o homem ainda tem tempo para autorizar mais umas coisitas. A caça ao rouxinol; a caça à toutinegra; a caça à andorinha...eu sei lá. Tudo aquilo que lhe vier à cabeça. Que eu saiba o Governo ainda governa e o Rui Barreiro também. Alegremo-nos pois com este período de transição e aguardemos novidades porque, como dizia a minha avó, até ao lavar dos cestos é vindima.Para além da mui aclamada decisão de permitir a caça ao melro ao fim de duas décadas de proibição, Rui Barreiro consegue inscrever outro feito no seu currículo. Passa a integrar o restrito clube dos políticos que não passam do primeiro mandato. Fez um como presidente da câmara de Santarém e foi derrotado quando tentou a reeleição. Agora ainda foi pior porque nem chegou a meio do primeiro mandato. O que me espanta é que ninguém tenha avisado o engenheiro Sócrates da maldição que persegue o Rui Barreiro, na altura em que o ministro da Agricultura propôs o nome dele para secretário de Estado? Anda tudo a dormir naquele PS? A Idália Serrão, que quando era Idália Moniz andava aqui por Santarém e conhecia bem o historial do Rui Barreiro não avisou o seu camarada primeiro-ministro de quem é conselheira??!! E o que me dizes da votação do PAN, o Partido dos Animais e da Natureza? Para mim foi uma surpresa ter tão poucos votos. Sempre pensei que conseguia ficar à frente do CDS-PP. Acho que foi prejudicado pela lei eleitoral. Não deixarem votar os animais é uma grande discriminação. Mas diga-se a verdade que o PAN também discrimina um bocadinho. Aquela coisa de lutarem contra a tortura dos animais e fazerem de conta que os vegetais e as frutas não sofrem quando são cozidos ou assados vivos nem gritam de dor quando os atacamos à dentada é uma contradição que eles têm que resolver se quiserem subir eleitoralmente. E os dirigentes do PAN têm que dar muita atenção às adesões de novos militantes. Há por aí muito eleitor PAN que não liga muito aos princípios programáticos da não-violência, mental, verbal e física. Basta ler alguns comentários às notícias sobre touradas, por exemplo, para ver o que poderia acontecer se em vez do PSD fosse o PAN a ganhar as eleições. Toureiros com o cachaço crivado de bandarilhas e toiros nas bancadas a aplaudir a quatro patas e a gritar olés bovinos, por exemplo. Cristo dava outra face a quem o ofendia mas alguns dos defensores dos animais não são pacifistas a esse ponto, não senhor! Por causa das dúvidas eu desde já declaro que nunca cravei qualquer bandarilha em ninguém e muito menos num animal, embora tenha que reconhecer que uma vez dei um pontapé nas bolinhas do pastor alemão do meu vizinho, em legítima defesa. Foi quando ele me arrancou metade da perna de umas calças com carne da perna agarrada e tudo. A dor foi tanta que pequei. E pequei à bruta. A intensidade do pecado foi tanta força que o Rex até ganiu, confesso!!E por agora basta de confissões. Não mando o tradicional abraço com palmadas nas lombeiras porque de violência está o mundo cheio. Aceno-te apenas um leve adeus com a mão mole como uma pena de andorinha bebé.Manuel Serra d’Aire
Discernente Serafim das Neves

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