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Aprende-se a dançar sevilhanas na Castanheira do Ribatejo

Aprende-se a dançar sevilhanas na Castanheira do Ribatejo

Grupo criado em Abril de 2010 é secção do Juventude da Castanheira

O Juventude da Castanheira tem uma secção de sevilhanas desde abril de 2010. Catorze raparigas dos seis aos 25 anos rodopiam com vestidos de cores quentes equilibradas em saltos altos de sapatear. Rapazes precisam-se para dar outra cor ao grupo. Os ensaios funcionam em horário pós-laboral no antigo ginásio do clube que é conhecido sobretudo pelo futebol.

Cores quentes entre rodopios. Brincos e flores. O rosa e verde num movimento de braços. O laranja e amarelo num ondular das saias de folhos. No cabelo, bem esticado atrás, uma peineta a condizer. São de todas as cores as Sevilhanas do Juventude da Castanheira do Ribatejo, no concelho de Vila Franca de Xira. É assim que gostam de ser chamadas as 14 raparigas, dos seis aos 25 anos, que dão corpo ao grupo.O azul raro dos olhos de Ana Margarida, 15 anos, não se encontra em nenhum dos vestidos “rocieros”. Maggy, como é tratada entre os pares, todos femininos, experimentou sapatear num rancho folclórico e deslizou pelos salões ao ritmo da salsa mas deixou arrebatar-se pelos ritmos de “nuestros hermanos”. Mora no Carregado e é aluna do primeiro ano do curso profissional de multimédia na Escola Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira. Os intervalos entre as aulas da futura fisioterapeuta, área que deseja seguir no futuro, são ocupados a ensaiar algumas voltas que a arte exige. Salete Bernardino, 25 anos, procura o espelho colocado no escritório da casa onde reside com o companheiro para aperfeiçoar os movimentos. Dançar sevilhanas não implica competir, como em outras modalidades, e isso agrada a Salete Bernardino que também passou pelo folclore antes de chegar a estes ritmos. Reside em Alenquer e foi recentemente dispensada de uma fábrica da zona. O desemprego fê-la repensar a participação no grupo de sevilhanas mas o companheiro foi o primeiro a incentivá-la a ficar. “Vai ser o primeiro elemento homem do grupo”, diz a professora Ana Catarina Ramos, 24 anos, à chegada de Bruno, o “mais que tudo” de Salete Bernardino, arrancando algumas gargalhadas às dançarinas. A professora de sevilhanas e flamenco dança desde os 14 anos. Aprendeu nas aulas do Clube Vilafranquense, em Vila Franca de Xira. Para dançar usa uma trança que pende sobre o ombro. As alunas têm quase todas o rabo de cavalo clássico bem esticado. “Gosto das coisas simples e sou muito exigente”, confessa a professora. Às alunas mais novas, como é o caso de Beatriz Santos, 10 anos, residente em Vila Franca de Xira, é proibido o uso de maquilhagem. “Já têm a beleza natural”, explica a “maestrina” de uma orquestra de cores e movimento que também integra o grupo e garante que está sempre a aprender.O mais difícil é transmitir as noções de coordenação de braços e pernas e por isso costuma avançar por fases. “Eu era um pé de chumbo e muito introvertida. Os meus pais acharam que ia desistir depois da primeira aula”, conta entre sorrisos a professora que fora da sala de espelhos onde dá aulas dedica-se a um curso de gestão. As sevilhanas nasceram em Castanheira do Ribatejo em Abril de 2010 mas já contam com um leque alargado de actuações. Já se mostraram em casa, no Carregado, em Samora Correia (Benavente), em Vila Franca de Xira e no Forte da Casa. A ideia de criar um grupo de sevilhanas partiu da professora e foi recebida de braços abertos pela direcção do clube da terra onde reside. Um mês depois a primeira turma estava a funcionar. Um fato de sevilhana pode custar 150 euros mas no clube a professora optou por modelos mais económicos e cada um dos vestidos ficou por cerca de 60 euros. O Juventude da Castanheira, mais conhecido pela modalidade de futebol, abre o velho ginásio para os ensaios das duas turmas de sevilhanas às segundas, terças, quartas e quintas. No grupo rapazes precisam-se para ajudar a equilibrar as cores e a quebrar tabus.
Aprende-se a dançar sevilhanas na Castanheira do Ribatejo

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