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A indispensabilidade do que é perfeitamente dispensável

Andamos todos muito distraídos ou muito esquecidos. A publicidade, não sei se se lembram, serve para criar em nós necessidades de coisas das quais não temos qualquer necessidade. Serve para vender. E para vender têm que nos convencer que só seremos melhores se tivermos o que nos querem vender. Mais, assim que corremos a comprar já os publicitários estão a criar novas campanhas para nos dizerem que nos falta só mais uma coisinha para sermos felizes. É um ciclo interminável e infernal no qual nos vão enredando e que dá cabo de nós. Se atendermos à publicidade nunca seremos felizes. Não é por acaso que o mundo anda cada vez mais infeliz. É porque estamos no reino do ter e não no mundo do ser. Não nos preocupamos em ser mas apenas em ter. Todos os anos saem novos modelos de telemóveis, carros, máquinas de café. Todos os anos são lançados novos detergentes, novas pastas de dentes, novos computadores. Por vezes as diferenças são mínimas. Por vezes o que chega dá mais dores de cabeça e funciona pior que o existente. Mas a lógica do consumo é assim. É preciso vender e nós compramos. Acampamos à porta das lojas com dois dias de antecedência, se for necessário para termos o novo modelo. Para sermos os primeiros a ter o novo modelo, como se o novo modelo só fosse durar dois dias. E por vezes é mesmo esse o tempo em que se destaca porque logo, logo, surge o modelo a seguir...que até já está fabricado e embalado quando nós estamos a comprar o que pensamos ser o último grito da moda. Se você não usa o detergente “bright” como quer estar satisfeita com a limpeza da sua roupa? E lá vai a senhora comprar. Quando chega a casa liga a televisão e já está a ser lançado o ultra “bright” e a seguir o mega ”bright” e o giga “bright” plus. No futuro vamos conseguir viver sem novos modelos dos actuais equipamentos electrónicos? Sim, isso é possível, mas vamos sentir-nos excluídos e infelizes. Vamos ser considerados seres inferiores. A publicidade vai encarregar-se de nos fazer sentir muito mal, mesmo muito mal, acreditem.Gualter Sarmento de Castilho

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