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Se os políticos ditadura não foram a tribunal porque iriam agora os políticos eleitos democraticamente?

No nosso concelho o vencedor das eleições antecipadas foi diferente do vencedor nacional, como aliás era expectável. No seu conjunto, PS, CDU e BE acumularam no concelho de Vila Franca de Xira uma percentagem de 53,92%, contra 41,18% no país. PSD e CDS acumularam uma percentagem de 36,07%, bastante abaixo dos 50,37% obtidos no país. O tecido social de Lisboa e Vale do Tejo é essencialmente de esquerda e isso reflecte-se não só nos resultados das eleições legislativas mas também nas autárquicas (e, já agora, também nas europeias e nas presidenciais). Diz-se por aí que o Governo cessante deveria ser levado a Tribunal pela situação em que o país se encontra. Tanto quanto sei, nenhum Governo pode ser responsabilizado nem pela crise económica mundial nem pela posição concertada entre as agências de rating, num dos maiores ataques especulativos de que há memória à soberania de um país. Por outro lado, é preciso não esquecer que, há trinta e sete anos, se fez uma revolução que pôs fim a quarenta e oito anos de ditadura e não houve um único julgamento político foi tudo amnistiado. Inclusivamente houve pessoas que exerceram cargos políticos no regime anterior que formaram partidos políticos para subsistir na democracia e tudo foi autorizado pela esquerda que liderou a revolução.Agora, a direita quer fazer sentar as opiniões divergentes e a incompetência no banco dos réus. Os correligionários dos partidos que agora assumem a governação parecem esquecer-se que o penúltimo primeiro-ministro da direita (Durão Barroso) abandonou o mandato a meio deixando o país à sua sorte e que o primeiro-ministro que se seguiu (Santana Lopes) liderou um governo que só durou cento e trinta e seis dias... apeado do mandato por falta de legitimidade e evidente incompetência! Mas esses já não merecem julgamento... não é isto uma evidente dualidade de critérios?Como diz Popper, numa democracia é essencial a consciência da responsabilidade e a responsabilização daqueles que detêm o poder e o exercem. Se tudo correr como o previsto e o “casamento por conveniência” entre Passos Coelho e Portas não se dissolver entretanto, o julgamento far-se-á pelo povo e pelo voto, dentro de quatro anos, não é nos Tribunais.Renato Conteiro

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