Uma das paredes do pavilhão do União Desportiva Vilafranquense (UDV), em Vila Franca de Xira, ganhou um rosto. Três dias e muitas latas de spray bastaram a Rodrigo Vile, 26 anos, para pintar Alves Redol, um dos maiores vultos do concelho e uma referência da literatura neo-realista. Na parede ainda estava só a ponte sobre o Rio Tejo e já o graffiter ia recebendo elogios das pessoas da terra. “Ao pintar elementos da cultura de um povo estou a aproximar as pessoas desta arte que ainda continua a ser olhada de lado”, explica. O autor, que trabalha a tempo inteiro como graffiter há seis anos, não teve dificuldade em projectar o desenho a uma escala maior usando latas de spray. Tem pena de não ver mais graffitis a surgir com maior frequência no concelho. “Hoje qualquer pessoa pode comprar uma lata de spray e escrever numa parede «amo-te». O vandalismo é inevitável, torna-se completamente anárquico, mas como em tudo existem bons e maus profissionais”, reforça o jovem vilafranquense, que não gosta de estar constantemente a ser chamado à atenção por causa de actos de vandalismo cometidos por outros. Diz o ditado que “paga o justo pelo pecador”, mas Rodrigo Vile mostra assim a verdadeira arte urbana do graffiti. O trabalho integra-se nas comemorações do centenário do nascimento de Alves Redol e tem como objectivo chegar a um público mais jovem.