Um cortejo onde rapazes e raparigas mostram estar à altura
À saída da Mata Nacional dos Sete Montes, em Tomar, encontramos de expressão vincada, Rui Amorim, aluno do 2.º ano na Escola Básica n.º 1 de Santo António, pertencente ao Agrupamento de Escolas D. Nuno Álvares Pereira. Carrega ao ombro o tabuleiro de Beatriz Godinho, seu par no “Cortejo dos Rapazes”, que prepara a rodilha vermelha e branca para, dali a momentos, dar o seu melhor. Ao lado, Mariana Graça faz por aguentar firme o tabuleiro, contando com o apoio de Vasco Matias caso o vento sopre mais forte ou os braços comecem a dar sinal de si. É domingo, 3 de Julho, e o relógio já marca perto das onze horas quando saem em desfile. O “Cortejo dos Rapazes” é certamente um dos momentos mais emocionantes da Festa dos Tabuleiros que se realiza de quatro em quatro anos em Tomar. Os mais pequenos carregam cestinhas ou tabuleiros de flores e pão e estão vestidos tal como os adultos que vão integrar o cortejo principal do próximo domingo, 10 de Julho. Nas ruas da cidade, são milhares de pessoas que se acotovelam e emocionam à sua passagem. Porque talvez, por entre a mole humana destas crianças, encontram o rosto do seu sobrinho, neto ou filho. Esta é uma tradição que remonta ao século XIX, interrompida em 1892 e retomada pelos elementos da Comissão da Festa de 1991, celebrando deste modo, este ano, o seu vigésimo aniversário. E é aí que assenta a explicação para aquelas meninas que não percebem por que é que se chama “Cortejo dos Rapazes” a um desfile onde elas têm o papel principal. Porque tem origem numa época em que as mulheres eram secundarizadas e habitualmente transportavam objectos à cabeça, como bilhas de barro com água ou os alguidares com roupa acabada de lavar no rio. Este ano, o cortejo contou com 1816 crianças de várias escolas básicas e jardins-de-infância do concelho. Daqui a quatro, oito e doze anos muitos vão continuar a segurar a tradição da festa maior do concelho de Tomar.Elsa Ribeiro Gonçalves
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