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O reformado que vigia o jardim do Bom Sucesso

O reformado que vigia o jardim do Bom Sucesso

José Candeias, de 64 anos, mais conhecido por “Catita” embora não saiba explicar porquê, vai puxando dos cigarros enquanto observa as brincadeiras de um grupo de crianças no Jardim Central do Bom Sucesso, em Alverca, concelho de Vila Franca de Xira. A sua missão é zelar e vigiar. Quando na associação de apoio a idosos e reformados de S. Romão lhe propuseram este trabalho de vigilante dos espaços públicos, há quatro anos, não pensou duas vezes e o sim que estava debaixo da língua soltou-se de imediato. O trabalho de manobrador de máquinas e cortador de metais ao longo de uma vida, deixou-o aos 55 anos com problemas na coluna vertebral, obrigando-o a passar à reforma por invalidez. O pequeno “emprego” de vigilante que dura entre as 10h00 e as 13h00, quatro dias por semana, voltou a dar um novo ânimo à sua vida. “Os maiores actos de vandalismo ocorrem à noite quando já cá não estamos, mas desde que viemos para aqui o espaço tem-se mantido conservado”, vai contando enquanto os olhos percorrem o espaço. Nunca teve problemas de maior durante o período de vigilância. As crianças são as que exigem maior atenção e às vezes no meio das brincadeiras lá estragam uma flor ou um arbusto sem quererem. José Candeias sente-se bem nestas funções mesmo quando o sol aperta e tem que se refugiar na sombra de uma árvore e diz que o tempo é muito bem passado. Ao longo destes quatro anos de vigilante foi conhecendo muita gente, já fez muitos amigos. Neste recanto da freguesia encontra a paz que tanto aprecia. Foi morar para o Bom Sucesso há mais de 50 anos e garante que não troca esta terra por outra qualquer. Quando despe a pele de vigilante vai para casa com o sentimento de dever cumprido e descontrai a ver televisão. Lá mais pela fresquinha regressa ao jardim, agora para uma partida de cartas ou dominó com outros reformados. Embora a hora de entrada seja às 10h00, por volta das 9h00 o Catita já passeia pelo Jardim Central do Bom Sucesso, de óculos postos e cigarro sempre na mão. “Não sou pessoa de estar em casa a olhar para as paredes”, confessa o vigilante. Eduarda Sousa
O reformado que vigia o jardim do Bom Sucesso

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