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Pai que matou o filho a tiro apanha 14 anos e 4 meses de prisão

Pai que matou o filho a tiro apanha 14 anos e 4 meses de prisão

Luís Espalha não gostava que o filho saísse com alegadas “más companhias” e durante uma discussão foi buscar uma caçadeira para o matar

Tribunal de Vila Franca de Xira considerou que o arguido, de 75 anos, agiu sem motivo compreensível mostrando indiferença pela vida do filho que era motorista de autocarro. O relacionamento entre ambos há muito que era pautado por discussões frequentes.

Luís Espalha, de 75 anos, não gostava que o filho que vivia com ele numa vivenda no Sobralinho andasse a sair com amigos, que julgava estarem envolvidos na delinquência, e durante uma discussão matou-o com um tiro de caçadeira. O homicida argumentou que se tratou de um disparo acidental e que apenas queria intimidar Luís Costa, mas o Tribunal de Vila Franca de Xira entendeu que Luís Espalha teve a intenção de tirar a vida ao filho e condenou-o a uma pena de prisão efectiva de 14 anos e quatro meses. O arguido alegou que a arma disparou quando tropeçou num degrau e se desequilibrou. Argumentava ainda que a arma tinha disparado por ser muito velha e não ter cavilha de segurança. Mas o colectivo de juízes, presidido por Raquel Costa, não foi sensível à versão de Luís Espalha, considerando que este “agiu com o propósito de tirar a vida a Luís Costa” e “sem motivo justificativo ou compreensível, mostrando insensibilidade e indiferença” pela vida do filho, que à data dos factos tinha 42 anos de idade e era motorista de um autocarro numa empresa de transportes colectivos. Os factos remontam ao dia 21 de Agosto de 2010, pelas 19h30, quando Luís Espalha e o filho se encontraram no pátio da casa que dava acesso à garagem da residência. Segundo o acórdão do tribunal, o arguido começou uma discussão com o filho por não concordar que este saísse com amigos que julgava estarem ligados “ao mundo da droga e da marginalidade”. Pai e filho já tinham tido várias discussões sobre o mesmo assunto mas desta vez Luís Espalha entrou em casa, agarrou na caçadeira de calibre 12 e avançou sobre o filho. Quando se encontrava a 5 metros deste disparou sobre o tórax. As lesões provocadas levaram a que Luís Costa morresse pouco tempo depois. Após o disparo Luís Espalha pediu a um vizinho para chamar a polícia. Luís Espalha disse em sua defesa ter ido buscar a espingarda de forma “impulsiva mas apenas com sentido intimidatório”. O colectivo de juízes concluiu que o arguido agiu de forma livre, voluntária e consciente, apesar de ter verificado que este apresentava uma perturbação da personalidade com características obsessivas e autoritárias, “com grande rigidez e exaltação de certos valores como o trabalho, dinheiro e obediência à autoridade paterna”. Luís Espalha é natural de Pontével, concelho do Cartaxo e estava em prisão preventiva. Era acusado pelo Ministério Público do crime de homicídio qualificado - punível com prisão entre 12 e 25 anos - e um crime de detenção de arma proibida, punível com pena de prisão de 1 a 5 anos ou multa de 10 a 600 dias. Para uma condenação do arguido numa pena próxima da mínima, o tribunal teve em atenção o facto de o idoso não ter antecedentes criminais, apresentar bom comportamento prisional enquanto esteve a aguardar julgamento e de padecer de uma doença do foro oncológico, detectada dias antes do julgamento. Luís Espalha foi ainda condenado a pagar uma indemnização de 20 mil euros à mãe do falecido, 25 mil euros à sua neta e 60 mil euros a todos os herdeiros directos de Luís Costa.
Pai que matou o filho a tiro apanha 14 anos e 4 meses de prisão

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