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Apoio da câmara municipal às festas é bem visto

Se não for a câmara municipal a apoiar, as festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo, em Coruche, desaparecem ou deixam de ter dignidade e dimensão. Esta é a ideia quase generalizada. A Padroeira da vila não é secundarizada como acontece noutras localidades. Muitos inquiridos confessam que vão à ermida regularmente ou que, pelo menos assistem à procissão. A alguns meses do final do contrato assinado em 2009 entre o município e a CP que fez com que os comboios voltassem a passar por Coruche fica a ideia que ninguém terá muita pena se o serviço acabar. Porque não tem horários compatíveis com as necessidades das pessoas servindo apenas para dar despesa.

Manuel Ribeiro, 63 anos, fotógrafo, Coruche“Quem quer ver as festas deve pagar”Manuel Ribeiro considera que a Câmara de Coruche não devia pagar as festas. Para ele a comissão devia fazer as festas com o dinheiro que conseguisse junto da população. “Ninguém tem de ser meu criado, a trabalhar à borla e ainda por cima ser criticado para eu me divertir. Devia haver uma entrada paga para ver os artistas. Sou do tempo em que quem queria ver as festas no largo do Rossio, onde havia quermesse e cadeiras para ver espectáculos, pagava”. Confessa ainda que tem saudades das festas do antigamente, mais humanas e em que havia mais convívio entre as pessoas. “Hoje as actividades estão mais dispersas, é diferente”, acrescenta. Manuel Ribeiro foi em várias ocasiões à Ermida de Nossa Senhora do Castelo, algumas das quais para rezar, mas não costuma pagar promessas durante a celebração da padroeira. Já ouviu falar do serviço de transporte de passageiros de comboio a partir de Coruche mas a única viagem que fez foi há longo tempo. Ainda assim considera válido o serviço. “O comboio devia partir de Coruche e ir directamente a Lisboa sem paragem no Setil para mudar de comboio. Pode ser útil para quem trabalha em Lisboa durante a viagem dá para ver o computador, ler o jornal e fazer outras coisas”, refere. Guilhermina Serrão, 62 anos, gerente comercial, Coruche“Só com ajuda da câmara se conseguem fazer festas dignas”Diz que faz todo o sentido que a comissão de festas receba uma verba da câmara para organizar os festejos, porque só assim é possível dar dignidade e dimensão aos mesmos. “Os donativos são cada vez menores por parte das pessoas e das empresas, por isso é importante que a câmara continue a atribuir um subsídio que ajude a comissão a fazer alguns gastos”, refere. É pela altura das novenas e com a tradição da procissão que Guilhermina Serrão mais vai à Senhora do Castelo, a que junta a três ou quatro visitas mais durante o ano para assistir a missas. “Algumas vezes também fiz promessas. No geral peço saúde para os meus familiares e bem-estar para todos em geral. É um local onde me sinto bem, onde gosto de estar”, comenta. Chegou a planear uma viagem de Comboio mas ainda não a realizou. Se o serviço for suspenso ficará adiada para sempre. Apesar de as pessoas não terem aderido ao comboio entre Coruche e Lisboa, considera-o importante. “Para dar prejuízo acho que não vela a pena manter o comboio. Se não se perder muito dinheiro acho que deve continuar. Foi até uma aposta do presidente da câmara”, conclui.Vítor Azevedo, 58 anos, empresário, CorucheViajar de comboio é mais rápido, barato e confortávelVítor Azevedo foi a Lisboa por motivos profissionais e a consultas médicas em quatro ocasiões nos últimos tempos e deslocou-se sempre de comboio a partir da estação de Coruche. Para o comerciante o serviço ferroviário é bastante válido e favorável. “As pessoas pelos vistos ainda não estão habituadas e preferem ir de automóvel mas os preços não são caros. É menos um euro ou dois do que viajar de autocarro, além de ser muito mais rápido e confortável”, conta Vítor Azevedo, lembrando que no Setil a passagem para outro comboio é rápida.Se o custo do comboio é acessível, o custo das festas não é perceptível a Vítor Azevedo, assim como o papel da comissão e o dinheiro que recebe da autarquia para as organizar. “Se a câmara este ano dá menos é porque não pode dar mais e as coisas não estão fáceis. Mas as festas necessitam de apoio da câmara, se a verba é suficiente não sei dizer. As festas são um benefício para a população de Coruche e para o concelho, mas não para o meu negócio”, admite o vendedor de peças auto. Ocasionalmente, Vítor Azevedo vai à Ermida da Senhora do Castelo para acompanhar familiares em cerimónias mas não para rezar ou cumprir promessas. “Mas vou todos os anos às novenas e ver a procissão”, garante.Maria Helena Baptista, 58 anos, farmacêutica, S. José da Lamarosa“Comboio é cómodo e barato mas não tem horários de jeito “Para Maria Helena Baptista festas a sério têm de ser condignas ou não são festas. Por isso concorda que a Comissão das Festas de Coruche receba um montante adequado por parte da câmara. “As festas atraem muita gente a Coruche e isso repercute-se economicamente”, justifica. Farmacêutica na Lamarosa, Maria Helena Baptista viaja ocasionalmente a Lisboa mas nunca o fez no serviço de transporte de passageiros em comboio reactivado em Coruche em 2009. “Quando vou a Lisboa vou de manhã e os horários de comboio nunca coincidiam com os meus. Acabo sempre por ir de autocarro. A perder-se o serviço é uma pena mas os horários não estão adequados às necessidades das pessoas. O comboio acaba por ser um transporte mais cómodo e barato mas as camionetas têm horários mais flexíveis”, compara. Não sendo natural de Coruche, Maria Helena Baptista foi várias vezes à missa à Ermida de Nossa Senhora do Castelo, já que nos restantes dias não está sempre aberta. “É um espaço diferente da igreja matriz, mais pequeno, mais acolhedor, com uma vista espectacular”, analisa, lembrando que costuma assistir à procissão e também se afeiçoou à padroeira.Joaquim Guilherme, 59 anos, industrial, Azervadinha“Se o comboio não tem passageiros não vale a pena continuar” Há alguns anos Joaquim Guilherme foi à Ermida do Castelo cumprir o pagamento de uma promessa. Como boa parte dos coruchenses, revê-se na sua padroeira. Acompanha quase sempre a procissão mas também outros pontos altos das festas, como o cortejo etnográfico no Dia do Campino. “Até costumo ser contactado para fabricar alguns carros alegóricos. Este ano ainda não aconteceu mas também acontece quase sempre de véspera do início das festas”, diz o industrial de carpintaria. Para Joaquim Guilherme faz todo o sentido que a câmara apoie a comissão de festas, como este ano com 80 mil euros. “Não se faz muito, faz-se um pouco menos. Se câmara não contribui, quem é que o faz? Senão as festas acabavam todas e nas festas de aldeias também não falta apoio dos comerciantes locais”, compara. A primeira e única vez que Joaquim Guilherme andou de comboio foi há longos anos, quando foi assentar praça. Diz que não vale a pena manter um serviço que dê prejuízo. “Se em Coruche o número de passageiros é baixo não vale a pena manter o serviço e sobrecarregar-nos mais com despesas”, afirma. Alberto Silva, 57 anos, bate-chapas, CorucheUm adepto da festa brava que foi forcadoCom 13 e 14 anos Alberto Silva era presença habitual nas novenas e na Ermida de Nossa Senhora do Castelo mas a sua principal motivação era ver as miúdas da sua idade. “Não sou muito frequentador da ermida. Sou baptizado mas nunca me perguntaram se queria ser”, diz o bate-chapas, que admite no entanto o valor simbólico da Senhora do Castelo para quem acredita pela afluência que regista a procissão durante os festejos. Defende que a comissão de festas tem de ter comparticipação da câmara. “Só assim se conseguem montar festas com esta dimensão” , defende, apesar de desconhecer quanto é gasto. “Nas festas costumo ir mais às touradas e vou no dia do campino. Aprecio mais a festa brava até por ter sido forcado dos Amadores de Coruche. Não podemos deixar morrer a festa!”, apela. Nunca utilizou o comboio de passageiros em Coruche. Supõe que seja útil mas não sabe. “Poderia ser útil para Coruche mas as pessoas desabituaram-se um pouco. Muita gente tem carro e a estação fica a dois quilómetros da vila”, conclui. Fernando Rodrigues, 36 anos, montador de pneus, Rebocho“As patuscadas com os amigos são a melhor parte das festas”Adepto do fogo de artifício, das corridas de toiros, das largadas nas ruas e dos espectáculos, o que dá gosto a Fernando Rodrigues é viver quase diariamente a noite das festas de Coruche. “Costumo ir a um bocadinho de tudo das nossas festas mas a melhor parte é os comes e bebes e as patuscadas com os amigos”. Não é visitante regular da ermida de Nossa Senhora do Castelo. “Só quando vou a casamentos e baptizados. Mas não deixo de assistir à procissão nas ruas e junto à ermida”, explica. Concorda com o apoio da câmara à comissão de festas porque trabalho não é tudo e também é preciso diversão. “O principal suporte das festas será sempre a câmara”, acrescenta. Nunca utilizou o comboio desde que o mesmo voltou a passar por Coruche mas admite que o mesmo volte a acabar “se der muito prejuízo”. Vítor Velez dos Santos, 59 anos, caixilheiro, Coruche“Câmara deve apoiar festas mas sem exageros”Presença habitual na Ermida do Castelo quando surgem os desagradáveis funerais ou os festivos casamentos, Vítor Velez dos Santos também não dispensa a presença nalgumas novenas e em acompanhar a procissão em Honra de Nossa Senhora do Castelo que começa e culmina na ermida. “Para mim há dois dias em que não saio de Coruche: o dia da procissão e dia do cortejo etnográfico, não prescindo de assistir aos dois”, assegura. Nunca pertenceu a nenhuma comissão de festas e não sabe quanto se gasta mas aceita que que a câmara comparticipe embora sem ser em excesso. “Pelo menos para que as festas não acabem”, justifica. Tem vontade de fazer um passeio de comboio até Lisboa mas ainda não arranjou tempo, até porque no fim-de-semana não há comboio. “Provavelmente são poucas as pessoas que andam de comboio mas há tanto dinheiro mal gasto e este é um serviço útil”, sustenta.

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