
ARS volta atrás e mantém duas especialidades comparticipadas na Misericórdia de Benavente
Mais de 400 pessoas encheram o Cine-Teatro de Benavente em protesto
A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, no seguimento de uma reunião que teve com a Misericórdia de Benavente, decidiu manter duas especialidades comparticipadas na instituição. Provedor fala de medida que “ameniza mas não resolve” o problema.
Os utentes de Benavente vão poder continuar a beneficiar de consultas comparticipadas de dermatologia e medicina física e reabilitação no Hospital da Misericórdia de Benavente. A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) teve uma reunião com a Misericórdia no dia 4 de Agosto e informou que vai manter na instituição as duas especialidades comparticipadas pelo Serviço Nacional de Saúde. De fora fica a cardiologia e a cirurgia-geral, especialidades que o provedor da instituição, Norte Jacinto, diz terem sido contratualizadas com a ARS-LVT, sem excluir os utentes de Benavente, o que não foi respeitado. “Isto ameniza o problema mas não o resolve porque temos uma unidade de cirurgia que nos custou perto de 500 mil euros e que fica agora à espera que os compromissos se honrem por parte da ARS”, denuncia. O acordo assinado com a Administração Regional de Saúde é válido até ao final do ano, altura em que será reavaliado. O provedor, recorde-se, lamentou ao nosso jornal o facto da ARS-LVT não estar a cumprir os compromissos assumidos. Os utentes estavam a ser enviados para o hospital de Vila Franca, uma situação que prejudicava os utentes do concelho de Benavente e colocava a Misericórdia numa situação difícil. Norte Jacinto chegou a admitir ter que despedir pessoal caso a situação não se regularizasse.O fim inesperado das consultas da especialidade em Benavente, comparticipadas pelo Serviço Nacional de Saúde, levantou uma onda de indignação que ficou manifestada num encontro promovido pela comissão de utentes na noite de 2 de Agosto, onde mais de 400 pessoas se juntaram no cine-teatro de Benavente.A população presente considerou que avançar para a via judicial será uma das melhores formas de luta caso o problema não venha a ser totalmente resolvido no futuro próximo. O presidente da comissão, Domingos David, informou que será preparada uma nova queixa para ser apresentada ao provedor de justiça sobre o assunto. “O que se está a passar é um ultraje que não podemos permitir”, criticou. A sessão serviu ainda para recolher assinaturas para um abaixo-assinado a remeter pela comissão de utentes à Administração Regional de Saúde.Desde o dia 1 de Julho que os utentes do concelho de Benavente deixaram de beneficiar das comparticipações do Serviço Nacional de Saúde em várias consultas da especialidade no Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Benavente, sendo obrigados a deslocarem-se para o Hospital de Vila Franca de Xira. A decisão foi tomada um mês após a gestão do Hospital de Vila Franca ter sido entregue ao Grupo Mello, que se recusa a comentar o assunto. A ARS-LVT garantiu há duas semanas a O MIRANTE que a especialidade de cirurgia plástica e reconstrutiva, por não existir no Hospital de Vila Franca de Xira, poderia continuar a ser acessível aos utentes no hospital da Misericórdia e justificava que esta medida visava uma maior eficiência na utilização dos recursos, explicando que a Misericórdia poderá voltar a ser uma opção para os utentes caso o hospital de Vila Franca perca capacidade de resposta.

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