Ao centro, na primeira fila, é com orgulho indisfarçável que Lucinda Gameiro, 47 anos, segura na faixa que anuncia mais uma confraternização de Verão promovida pelo Núcleo Associativo dos Motoristas Zêzere e Templários, clube da qual faz parte da direcção desde a sua fundação, há onze anos. Um encontro juntou cerca de 50 associados e suas famílias junto à margem do rio Zêzere, no sábado, 3 de Setembro, em Constância. Lucinda tornou-se profissional do volante graças ao marido, José, e foi sempre na companhia deste que fez, durante um ano, serviço internacional. Com grande descontracção diz que nunca se sentiu discriminada pelo sexo oposto. “Eles respeitam-me como mulher e eu a eles como homens. Aliás, acho que me consideram um homem ao pé deles”, refere Lucinda que tem carta de camionista de ligeiros, articulados e pesados. Já passou por Espanha, França, Alemanha, Holanda, Suíça mas de todas as viagens que fez refere que Itália foi o país que mais a encantou. “Mas como temos horários a cumprir e descargas a fazer não temos muito tempo para visitar as terras”, remata.Antes do almoço, onde a sardinha assada foi rainha e a bifana princesa, foi com entusiasmo que os participantes se juntaram para tirar uma foto colectiva junto à estátua de Camões. Em fundo, uma banda sonora bem ao jeito de arraial popular. António Azevedo, presidente do Núcleo, explica que os associados costumam reunir-se três vezes ao ano: na festa de aniversário, na festa de Verão e na festa de Natal. Relembrando aos presentes a recente condenação a prisão de um motorista de Abrantes, num acidente de viação da qual resultou a morte de uma criança, a repórter não encontrou quem estivesse familiarizado com o caso concreto. “Todo o cuidado é pouco. Fazemos muitos quilómetros por dia, vemos muita coisa a acontecer na estrada. Temos que ser cautelosos mas também ter atenção ao que os outros andam a fazer”, diz António Azevedo que há vinte e cinco anos percorre o país de lés a lés. Elsa Ribeiro Gonçalves