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“Alistei-me na Força Aérea para ser independente mas a única coisa que ganhei foi uma alergia a fardas”

“Alistei-me na Força Aérea para ser independente mas a única coisa que ganhei foi uma alergia a fardas”

Joel Marques, 32 anos, presidente da Junta de Freguesia da Carregueira

Nasceu em França mas veio viver para a Carregueira, no concelho da Chamusca, com apenas três meses de idade. O sonho de ser jogador de futebol deu lugar ao trabalho de gráfico na empresa fundada pais, de quem fala com orgulho. Diz que nunca pensou ser presidente de junta.

Fiz a escola primária e a antiga “Telescola” na Carregueira, com o sistema de cassetes VHS. Continuei os meus estudos na Escola Secundária D. Maria Lamas, em Torres Novas mas acabei por sair com o 12.º ano incompleto. Os meus pais abriram, em 1980, uma gráfica que dura até aos dias de hoje, a Tipografia Papelaria “Marques” onde estou a trabalhar. Sou um fã incondicional dos meus pais porque emigraram para França na década de 70, à procura de uma vida melhor para a sua família. Regressaram à Carregueira no ano em que nasci, uma vez que o meu avô estava a morar aqui.A ambição de ser independente financeiramente levou-me a alistar na Força Aérea, na OTA, aos 19 anos. Não me arrependo mas só lá estive oito meses. Desenvolvi uma alergia às fardas (risos). Sentia que já era maior de idade e, embora trabalhasse na empresa dos meus pais, queria ser totalmente independente. O estilo de vida militar não me seduziu mas é uma experiência que perdura para sempre. Aprendi muito sobre disciplina e sobre o respeito de hierarquias. Nasci na empresa dos meus pais e aprendi tudo o que havia para aprender sobre artes gráficas dentro dela. Gosto muito de trabalhar aqui. Somos poucas pessoas e fazemos um pouco de tudo na área gráfica. Levanto-me, todos os dias, cerca das sete horas da manhã para abrir a gráfica uma hora mais tarde. Às dez horas venho à Junta para ver como estão as coisas a correr e regresso à empresa. No final do dia, pelas 19 horas, se não tiver reuniões pelo meio, venho sempre para a junta. Em criança queria ser jogador de futebol. Nunca fui jogador profissional mas estive oito anos no U. Tomar, sendo federado até aos 22, 23 anos. Fiz infantis, iniciados, juvenis e juniores. Fui à primeira época de seniores pelo U. Tomar, depois saí e fiz três épocas na Azinhaga e no Tramagal, regressando à Carregueira onde finalizei a minha carreira há cerca de cinco anos. Fiz parte das listas da direcção do Grupo Desportivo da União Carregueirense durante três anos. Também fui treinador da equipa de Futebol 11 e, entretanto, surgiu oportunidade de ser presidente do Grupo Desportivo.Nunca idealizei ser presidente de junta mas sempre pensei em ajudar a minha terra a desenvolver-se. Fui eleito presidente de junta nas últimas autárquicas, pelo Partido Socialista. É um desafio aliciante, em especial numa altura de crise como esta, porque é necessária uma criatividade enorme para conseguirmos corresponder às expectativas de quem nos elegeu. Um presidente de junta é a primeira e a última pessoa a quem se recorre. É quem indica às pessoas onde é que elas se devem dirigir para resolver determinado problema e a quem pedem ajuda se não o resolvem. Faço um balanço positivo dos dois anos de mandato. Uma das situações que deixou o executivo da junta muito satisfeito foi quando, em 2010, comemorámos os 25 anos de freguesia. Conseguimos criar sinergias entre todas as associações da freguesia para desenvolver um programa de cinco dias recheado de eventos. Só uso gravata nas cerimónias protocolares. E não a uso para me sentir mais respeitado. No dia-a-dia visto-me de forma informal. A política autárquica é diferente da nacional. Aqui toda a gente nos conhece. As pessoas precisam mais de um presidente de junta que as oiça e as ajude do que um presidente bem vestido. É impossível conseguir separar o Joel do presidente de Junta. Mesmo quando saio à noite, as pessoas associam-me e abordam-me para ajudar. Um presidente de junta tem que ser presidente 24 horas. Nas férias levo o telemóvel e delego as tarefas no executivo. Mas confesso que não tenho tirado muitos dias de férias. Normalmente aproveito os feriados ou fins-de-semana prolongados. Só medidas extremas é que me levariam a sair da Carregueira para viver noutro lugar. Sem o apoio da minha família não conseguiria levar este objectivo até ao fim. A minha mulher tem sido um grande pilar. Compreende as minhas funções, ajuda-me no que pode e apoia-me em tudo. Nos meus tempos livres gosto de ver televisão, especialmente filmes e noticiários e de ler. Elsa Ribeiro Gonçalves
“Alistei-me na Força Aérea para ser independente mas a única coisa que ganhei foi uma alergia a fardas”

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